Renovação do ambiente de Trabalho
julmar, 15.12.20
Pedi ao meu amigo Julião que me pintasse a casa. Quando chegou ao escritório/biblioteca, disse-me, alto aí! O senhor trate de me tirar toda essa livralhada. Quase me deu vontade de desistir e teria desistido se não fossem os meus livros e não tivesse por eles um carinho especial. Conheço-os todos por dentro e por fora. Ora, se eu já os tinha lido linha a linha, folheado págiana a página, porque não pegaria neles ao molho e os retiraria do lugar. Ontem e hoje foi o tempo de um a um os recolocar ordenadamente nas prateleiras de acordo com a temática: Filosofia e Psicologia, a maior parte; Antropologia e Sociologia; Literatura em prosa e verso (sem ser louco intento); Linguística e Teroria da Literatura; História e histórias; livros de artes; livros inqualificáveis; livros de bricolage e jardinagem; livros impensáveis como um - o Minhocário - cujas consequências se arrastam desde há 25 anos; livros de culinária; livros de música, incluindo a gregoriana; hagiografias e biografias; compêndios, manuais e algumas sebentas que resistiram à minha fúria destruidora do saber compilado.
A minha última leitura, O Infinito num junco, tornou-me ainda mais um amador de livros, aida que não esqueça a pergunta de Almada Negreiros «E de que serve o livro e a ciência, se a experiência da vida é que faz compreender o livro e a ciência»?
E o amigo Julião, meio desconfiado, atirou-me a pergunta: Olhe lá, você já leu esses livros todos?
Eu, sem mentir, respondi-lhe, alguns mais do que uma vez.