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Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

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Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Religião e ciência

Avatar do autor julmar, 01.05.20


     Nicolau Copérnico - biografia do astrônomo polonês - InfoEscola                                                                                                                                                                                          

Isaac Newton - Quotes, Facts & Education - Biography

Como na vida de cada um de nós, também sobre os países, sobre a humanidade se abatem pragas, calamidades, castrátrofes, epidemias. É da natureza da natureza que assim seja e, à parte a fé dos crentes no mundo eterno que há-de vir, assim continuará per omnia saecula seculorum. Sinto um imenso orgulho em pertencer a este planeta, em pertencer à raça humana que, liberta da quadripedia que a amarrava à terra, caminhou errante cravando estupefacta os olhos no firmamento estrelado e que, perdido nessa imensidão, se admirou, se interrogou e, com o medo por dentro e ameaças por fora, procurou respostas no céu. Perdido no universo, impossibilitado de vencer a morte, dotado de imaginação fez a sua primeira grande invenção:os deuses. Sem deuses o homem não teria sobrevivido, não se teria construído como humanidade, como civilização. Por todos os lugares, em todos os tempos se inventam deuses e se constroem lugares de culto porque são os deuses que criam a ordem e guiam os homens. Os homens delegaram nos deuses as suas  vidas e perderam a memória desse começo. Entregaram-se aos deuses em troca de proteção.  Ainda hoje delegamos, fazemos contratos,  pagamos impostos para termos ordem e proteção.  Nenhum povo como o grego, que inventou a filosofia e a democracia, teve consciência da tragédia do homem e da vida: 

"Muitas são as coisas prodigiosas sobre a terra mas nenhuma mais prodigiosa do que o próprio homem. (...) Caça as bestas selvagens e atrai para suas redes habilmente tecidas e astuciosamente estendidas a fauna múltipla do mar, tudo isso ele faz, o homem, esse supremo engenho. (...) Tudo lhe é possível."  (Antígona , Sófocles)

Orgulho-me de ser descendente dessa raça que caminhando sobre dois pés e por ter cravado os olhos no céu descobriu a terra. De facto, foi a olhar para o céu que o homem descobriu a terra, foi a partir da física celeste (a astronomia) que o homem descobriu a física terrestre. A revolução científica começou nos céus e por obra de um clérigo polaco,  de nome Nicolau Copérnico: De Revolutionibus Orbium Coelestium , publicada em 24 de maio de 1543 (precisamente no dia da morte do autor) rompendo com a física de Arsistóteles (tão bela  e tão falsa) contida no livro De Coelo. Uma revolução que parece não ter alarmado a Igreja nem causado conturbação social ou nos meios dos eruditos. Na verdade, não era um trabalho de fácil entendimento quer porque estava escrito em latim, quer porque continha cálculos matemáticos de compreensão acessível a poucos. O problema para a Igreja haveria de surgir apenas cerca de 100 anos mais tarde com Galileu (1564-1642) que não se limitava a fazer descobertas de leis científicas e inventos técnicos mas os publicava e o fazia de modo acessível a que todos pudessem entender, mostrando e demonstrando (Diálogo sobre os dois grandes sistemas do Mundo). O problema de Galileu era que a Igreja  era a detentora do conhecimento não apenas do que se passava no reino de Deus mas também do que se passava no reino dos homens. Acrescia que a doutrina da Igreja estava assente na física de Aristóteles que assentava, por sua vez, no senso comum: Qualquer pessoa, no seu perfeito juízo, sabe que a terra é plana e que o sol anda à volta da Terra. Galileu, para salvar a pele, abjura (negando a verdade do que tão claramente sabia e conforma-se à doutrina da Igreja). 

Cento e um anos depois, 1643 nasce  Isac Newton (1643-1727)  que vem coroar o que designamos como Física Clássica, com a obra Príncípios Matemáticos da Filosofia Natural onde establece  as três  leis que governam este cantinho do universo, o sistema solar. 

Sobre a física contemporânea, tão fora da minha percepção do mundo e da matemática rudimentar de que disponho, leio, entendo pouco e nem  me  atrevo a falar. 

Como as crianças, precisamos que nos contem histórias onde existem fadas e duendes e onde podemos traçar os fins que nos fazem felizes. As religiões contam-nos histórias de como tudo foi, é e será. Provavelmente o homem não pode viver sem contos. Talvez precise de inventar outros contos que dêem certo com as contas, isto é, com a matemática onde reside toda (quase toda?) a ciência.