Poemas da minha vida
julmar, 21.01.14
Não sei porquê nem como mas houve poemas que se me colaram. Outro tempo, outra memória mas era assim: mal dava conta e ... Zás estava recitar de cor o poema. Alguns muito breves, como:
«A catedral de Burgos tem trinta metros de altura
e as pupílas dos meus olhos dois milímetros de abertura.
Olha a catedral de Burgos com trinta metros de altura!»
António Gedeão
Outros de uma extensão considerável como "O Operário em construção" de Vinicius de Morais
Outros como o que se segue de Camilo Pessanha, talvez pela sua musicalidade
Violoncelo
Chorai arcadas
Do violoncelo!
Convulsionadas,
Pontes aladas
De pesadelo...
De que esvoaçam,
Brancos, os arcos...
Por baixo passam,
Se despedaçam,
No rio, os barcos.
Fundas, soluçam
Caudais de choro...
Que ruínas, (ouçam)!
Se se debruçam,
Que sorvedouro!...
Trêmulos astros,
Soidões lacustres...
_ Lemes e mastros...
E os alabastros
Dos balaústres!
Urnas quebradas!
Blocos de gelo...
_ Chorai arcadas,
Despedaçadas,
Do violoncelo.
Camilo Pessanha, in 'Clepsidra