O meu amigo Hortênsio - eu sei que outros meus amigos disfarçam alguma da inveja que sentem - anda vaidoso da horta que me cultiva. Ontem quis mostrar-ma e disse: - olhe que pouca gente tem tomates maduros nesta altura!  E mostrou-me os cachos de tomates, uma fila deles em amadurecimento rente ao chão, outra fila mais acima de tamnho médio, outra mais acima do tamanho de nozes, e, ainda ,outra mais acima, a brotar de dentro das flores. Depois mostra-me as alfaces, as beterrabas, os pepinos já com fruto criado, o alho francês, as cebolas, os morangos. Vai-me explicando  e eu vou entendendo a razão da generosidade da natureza:  escolher bem as plantas,  fornecer-lhes alimento e água, limpar a erva daninha,  dar-lhes espaço, cuidá-las do frio,  protegê-las, tutorá-as, tirar excessos ... e, conclui: o mais importante é o tempo. Por tempo, quer o Hortênsio dizer clima. E isto fez-me lembrar a profissão que exerci durante quarenta anos :professor.  E, na verdade, a envolvênte cultural (o clima) é  importante. Porém, não determinante.