O Poder da Presença
julmar, 05.10.21
Um dia, acordei às cinco da manhã e, como não aprecio estar às voltas na cama, acendi a luz e peguei no livro, já em parte avançada, onde a autora, inspirada na obra de William James sobre a expressão das emoções, relatava experiências em que tentava demonstrar que as posturas corporais levam os sujeitos a viver emoções que lhes aumentam ou diminuem o poder. Para mim não é um assunto novo e ficou-me sempre gravada a forma do calculista Blaise Pascal (acerca da fé e da salvação da alma) que apela ao descrente, na falta das palavras do próprio, o sentido: 'Entra na na igreja, ajoelha e reza. Hoje, amanhã ...sempre e acabarás por crer'.
Para mim, é bastante evidente que o corpo é o teatro da alma. Quem mo ensinou - para além de algumas leituras, incluída a obra de Descartes, As Paixões da Alma - foi sobretudo a experiência de andar, de andar todos os dias, manhã cedo. Pelo andar do corpo se vê quem o habita. Por vezes, para mudar o estado mental não é preciso muito. Experimente durante uma hora caminhar de ombros erguidos e queixo levantado dois centímetros acima do habitual. Com esse modo de andar passará a andar não para ser feliz mas porque é feliz. Siga o conselho de Pascal, finja até não ser necessário. Se, até é possível acreditar em Deus, porque há-de ser impossível acreditarmos em nós?