Leituras incómodas
julmar, 27.03.17
Por norma, leio um livro de fio a pavio. Por vezes, mais pelo meu feitio de não gostar de deixar as coisas a meio ou com esperança, quase sempre vã, de que o que está para a frente valha a pena. Nem gosto de saltar páginas ou capítulos, quero seguir o caminho de quem o escreveu. Pois, desta vez, tornou-se impossível: é demasiado escabroso, demasiado chocante. A Cúria romana, encarregada do governo da Igreja, comporta-se como as elites mais corruptas dos estados: o luxo em que vivem os cardeais, não apenas o senhor Bertone, as fraudes fiscais, a lavagem de dinheiro, a especulação imobiliária. Tudo documentado. Pior é impossível.
Mas o povo não lê. Acredita porque é na fé que está a salvação e continuará a queimar velas, dar esmolas, cumprir promessas num rio de dinheiro que desagua na Praça de S. Pedro.
E a pregação continuará: BEM AVENTURADOS OS POBRES PORQUE DELES É OREINO DOS CÉUS