Botar-se ao relaxe - modos de dizer
julmar, 06.02.14
Cumprir com as obrigações fiscais - a décima, o dízimo, a licença do cão, a licença disto e daquilo - não era coisa fácil numa comunidade onde a escassez do dinheiro era comum. Pelo que, na impossibilidade de cumprir se botavam ao relaxe. Outros se botavam ao relaxe pois por onde quer que fossem apenas deparavam com becos sem saída.
Eram relaxados aqueles que se abandonam ao curso dos dias, ao vento das circunstâncias, aos que se deixam arrastar pela corrente, aos que baixam os braços. Deixam que as nódoas se acumulem, que a barba cresça, que a remela se seque, que o tempo passe indefinido. Deitam-se ao relaxe e tanto se lhes dá isto como aquilo, que chova ou faça sol. Entegam o seu destino ao pior dos deuses: O Deus Dará que é uma providência descuidada. Desacorossoados da vida, sem réstea de esperança, botam-se ao relaxe. Seca-se-lhes o corpo, mirra-se-lhes a alma.
E, tirando o vinho e a confissão não havia remédios nem doutores que tal coisa curassem. Quando não empederniam o coração, quando a indiferença era impossível, às vezes, uma corda para apertar cargas ou prender o vivo era o instrumento de perdição.
Hoje o relaxe é outro. Aquilo que era uma figura do direito fiscal passou a uma técnica (ou um campo de lazer...) corporal e/ou espiritual de aliviar o stress, de encontar bem estar.