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Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Aquilino, sempre

Avatar do autor julmar, 25.08.21

O que mais me danava, quando era professor de filosofia, funcionário da mesma por ser funcionário de Estado, era ter que "dar a matéria", numa planificação que obrigava a tempos marcados para isto e para aquilo, como se a aprendizagem da filosofia fosse uma visita guiada papagueada à pressa pelo professor. O júbilo da reforma, para mim, tem sido a liberdade de dispor do tempo como bem entendo, podendo dedicar-me à filosofia, à música, à literatura, à escrita, à leitura, como caminhante ou 'homo viator', que para isso fomos feitos: para o espanto, para a interrogação e para tentear caminhos.

Ler Aquilino Ribeiro, um livro a seguir a outro, é como o garimpeiro que descobriu um filão e não para de o explorar. O que nos atrai num escritor será, talvez, uma música de fundo comum composta com experiências, emoções, pensamentos semelhantes. Como Aquilino sou beirão, estive no seminario em Beja, aprendi o latim e a linguagem do povo, vivi no Minho, sou republicano, sou um cristão cultural. 

Maravilhado com a sua escrita:

«O vento, que é um pincha-no-cravo devasso e curioso, penetrou na camarata, bufou, deu um abanão. O estarm parecia deserto».

Assim começa A Casa Grandede Romarigães.