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Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

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Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Amin Maalouf, uma vez mais

Avatar do autor julmar, 05.04.25

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A leitura é uma fonte de inspiração, um diálogo constante com o autor, uma confrontação de pontos de vista. No caso de Amin Malouf é um amigo que já vem lá de trás de outras conversas de "Identidades assassinas" e " O Naufrágio das Civilizações". Nada é para sempre, todos os impérios caem e o império americano não é excepção. Faltava um homem como Trump para executor. Quanto maior a mudança, maior a dor. Nunca foi o fim da História porque tecnicamente impossível. Agora que o é, se não fora o caso de ser pouco católico, diria 'rezemos para que não aconteça'. O que for soará. Quem estuda história sabe como o cminho foi o que foi, mas nas suas encruzilhadas outros caminhos poderiam ter sido. E  a teoria da evolução aplicada à natureza, alheia às noções de bem e mal, também nos ajuda entender como chegámos ao mundo em que vivemos na sua forma cultural e civilizacional. 

No livro que nos traz aqui, um romance histórico que se situa no Império Sassânida no século III EC e que culmina e enfraquece em lutas contra o Imperio Romano. O personagem principal do romance é Mani (Maniqueu, de onde se forjou o termo maniqueísta, que de forma simplista representa os dois elementos em luta - o bem e o mal), que se tivesse continuado a ter a proteção do imperador Sapor e do seu filho, poderia ter tido o êxito que mais tarde, pouco tempo depois,  teve o Cristianismo com a conversão e proteção de Constantino, imperador romano. Mas Mani não fazia concessões dos princípios que o iluminavam: que não há Religião Verdadeira, que todas as religiões são verdadeiras e falsas, que podemos adorar vários deuses e que não se pode perseguir ninguém por pertença a raça, casta ou religião. E foi isso que o condenou à tortura e á morte.

«Sê Traidor ao Império, se tal for necessário, e rebelde aos decretos do céu, mas fiel a ti mesmo, a luz que há dentro de ti, parcela de sabedoria e da divindade.
 
No entanto, os ideais morrem por não terem sido a chincalhados; é pelos púdicos compromissos dos mestres, é pela traição dos discípulos que as doutrinas sobrevivem e prosperaram no meio do mundo e dos seus princípios. Cada religião terá tido a suas legiões. Menos a de Mani. Ter-se-á ele enganado na época? Terça já enganado no planeta?»
Página 218