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Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

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Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Viva a carreira única! _ Inocêncio da Silva

Avatar do autor julmar, 11.01.11

Vai para dois anos, estava no café acompanhado de um professor cuja carreira já vai nos 34 anos de serviço. Conheço a sua dedicação e competência. Para além da licenciatura, fez um mestrado e posteriormente um doutoramento. Chegou, um outro professor e que disparou para o meu conhecido: - Então, pá, quando te reformas?

Sem esperar resposta, continuou: - Não há como ser reformado! Até ganho mais do que se estivesse a trabalhar!

Contou-me depois o meu amigo o seguinte:

Este professor é da minha idade. Fez a 4ª classe comigo. Depois que fez o 5º ano ingressou na Escola do Magistério Primário. Mais tarde, tirou num ano uma licenciatura (não entendi em que área) de complemento de habilitação de não sei o quê. Com isso acedeu ao topo da carreira – 10º escalão.

Resumo: Com o 5º ano (equivalente ao 9º ano) acedeu a um curso de dois anos que lhe deram acesso a professor; mais um ano a fazer a licenciatura em horário pós-laboral colocaram-no salarialmente ao nível do meu amigo.

Resumindo: Este professor primário (desculpem! do Ensino Básico) com 12 anos de estudo tem uma licenciatura que para efeitos remuneratórios vale o mesmo que a do meu amigo que terminou ao fim de 17 anos de escolaridade.

O professor primário começou cinco anos mais cedo a trabalhar ganhando dinheiro e tempo de serviço e, independentemente disso pode reformar-se com menos anos de serviço.

Diz-me o meu amigo que tudo isto foi considerado uma grande vitória pela classe dos professores e pelos seus sindicatos – ter conseguido uma carreira única.

Eu não estou bem a par dos factos como se passaram. Mas se não foi assim sempre os podem corrigir. Já quanto à interpretação cada um lhe dará a que entender. Por mim ficaria satisfeito se alguém me conseguisse mostrar a bondade e a justiça desta (dês)igualdade.

E quando vejo tantos a querer que a classe esteja unida (com tantas assimetrias e formas de tratamento conseguidas pela luta dos sindicatos) eu temo que não dê em nada de bom.

Mas, por estar de fora, talvez não veja bem.