Vanitas vanitatum, et omnia vanitas - O ECLESIASTES
julmar, 09.01.11
De todos os livros da bíblia é o Eclesiastes que mais me prende. Talvez pelo seu teor filosófico de um relativismo céptico e de uma vertente niilista que só a afirmação de Deus salva. Também pelo aroma poético que o perpassa.
Poderíamos dizer que a primeira frase constitui a tese do livro: «Vaidade das vaidades, tudo é vaidade» e que todo o resto do livro se passa a demonstrá-la: o dia segue-se à noite, a uma geração outra geração se segue, todos os rios correm para o mar e tudo o que termina volta ao princípio. Tudo se repete, tudo é sempre igual: «não há nada de novo debaixo do sol». Do esforço em tudo querer compreender, conclui tudo isso ser vaidade e aflição do espírito, porque «muita sabedoria, muito desgosto; quanto mais conhecimento, mais sofrimento». E não estamos longe da tese de Shopenhauer:«Viver é sofrer».
Faz-nos no capítulo uma enumeração de todas as múltiplas realizações feitas ao longo da vida desde a agricultura à criação de gado, ao comércio na aquisição de bens preciosos, da entrega a todos os prazeres, para concluir que «nada de proveitoso há debaixo do sol» O mesmo com a procura da sabedoria, vaidade também.
E, então, algum epicurismo: «Nada é melhor para alguém que comer e beber, e exibir os frutos do seu trabalho: e vejo que isso vem da mão de Deus … a quem é bom na sua presença, ele dá sabedoria, conhecimento e alegria; ao pecador, prém, impõe a aflição de colher e ajuntar, para depois entregar a Deus».
Porém, «isso também é vaidade e aflição do espírito»