Viagem à Irlanda - Notas breves
julmar, 15.08.10
O essencial, por definição, é aquilo que nos torna iguais, independentemente da geografia e da história. É da diferença que resulta a identidade dos povos tecida nos modos como produzem e reproduzem a vida e a que damos o nome de cultura. A diferença mais visível e que primeiro percebemos é o aspecto físico dos indivíduos e a língua, um e outro frutos de histórias milenares.
Numa estadia curtíssima não nos apercebemos senão de aspectos superficiais e muito visíveis que poderão, de qualquer modo ser reveladores de valores mais profundos.
- Dos aspectos físicos relacionados com a paisagem feita de um verde sem fim, de um céu de nuvens leves que, de vez em quando , se abrem parcialmente para deixar aparecer umas résteas de sol; de uma chuva miúda que aparece e desaparece; de uma temperatura sem extremos;
- De um relevo preguiçoso e suave com uma hidrografia de lagos e mais ribeiras que rios.
- E, naturalmente, sempre que se anda se vai ter ao mar com uma costa extremamente recortada e onde, por vezes, convulsões geológicas ficaram marcadas em forma de beleza natural que nos deixa pasmados.
- E o ordenamento dos campos divididos, muito divididos, quase sempre, por vedações vegetais onde pastam vacas sem conta, ovelhas sem conta, muitos cavalos numa natureza verdadeiramente pródiga em erva.
- De campos cultivados, sobressaem os extensíssimos batatais, uma das bases da alimentação. Monotonamente: abundância de erva para os animais e de batatas para o homem.
- Inexistência de elementos agressivos na paisagem, de campos abandonados, de esventramentos nos solos, de lixeiras.
- No mundo rural muito povoamento disperso com uma tipologia de casas muito semelhante de rés do chão só ou com um andar, muito sóbrias mas todas (haverá uma lei que obriga?) com um relvado à frente cuidadosamente tratado. Inexistência de moradias sumptuosas.
- Quase ausência de muros ou gradeamentos dos jardins das casas (mesmo nas cidades) o que contrasta fortemente com os nossos gradeamentos grande parte deles encimados por setas (senão reparou repare que vai achar impressionante).
- Alimentação: Quando me disseram que no mesmo prato os irlandeses colocavam puré, batata cozida e batata frita pensei que era exagero. Não é. A batata para os irlandeses esté em todas as refeições. Todos se lembram da Grande Fome em que morreu uma considerável parte dapopulação num ano em que não houve batata. T~em uma gasronomia bem superior à dos ingleses. O pão e a manteiga são óptimos. Não têm vinhos mas em contrapartida a cerveja merece ser tratada em post à parte.
- As vias de comunicação: Já não chega conduzirem pela direita muitas das vias são estreitas e nalguns casos com mau piso. Estão a investir emauto-estradas. São cuidadosos na condução.
- As cidades são pequenas. Mesmo Dublin, a capital, faz-se a pé. Não há prédios muito alto, por norma não ultrapassam os quatro andares. Não há casas abandonadas. Dublin é uma cidade encantadora, cheia de gente jovem, com uma actividade económica extraordinária, as ruas principais apinhadas de gente onde qualquer um pode mostrar as suas habilidades artísticas, com uma viola, com um piano ou malabarismos gímnicos ou outros. Extraordinário mesmo são os bares ( o icónico Temple Bar é de visita obrigatória), senão tem 21 não entra, peça um Pint se conseguir chegar ao balcão, beba, cante, bata palmas, dance está no mais profundo do espírito irlandês. Tão profundo, às vezes, que absortos, perdem as coordenadas. Ao irem para casa não entram na do vizinho porque, e para que isso não acontecesse, por lei (que exagero!) as portas têm cor diferente.
- O parque da cidde de Dublin é tão grande e tão natural que não tem termo de comparação com qualquer um dos nossos.
- Não têm, praticamente, monumentos, mas do pouco que têm sabem tirar proveito.