Elegia da lembrança impossível
julmar, 24.06.07
Ia a arrumar um dos volumes de Jorge Luís Borges, quando se me abriu neste poema de que respigo apenas:
(...)
O que não daria eu pela memória
Da minha mãe a olhar a manhã
(...)
O que não daria eu pela memória
De ter sido ouvinte daquele Sócrates
Que, na tarde da cicuta,
Examinou serenamente o problema
Da imortalidade,
Alternando os mitos e as razões
Enquanto a morte azul ia subindo
Dos seus pés já tão frios.
O que não daria eu pela memória
De que tu me dissesses que me amavas
E de não ter dormido até à aurora,
Dissoluto e feliz..»»