Prós e contras, Visto por Pacheco Pereira - Amora da Silva
julmar, 17.10.06
Pacheco Pereira julga-se o único homem esclarecido neste país e tem um ódio custosamente disfarçado a todos os que possam fazer-lhe concorrência. Por isso ele elogia a simplicidade dos simples, dos párocos de aldeia e dos «homens rudes e tímidos». E com o seu olhar preconceituoso consegue ver o que não existe, nomeadamente a «enorme delicadeza» de Fernando Ruas que gosta de atirar pedras mas não gosta de ser apedrejado. Foi patética a reacção que teve frente ao ministro. De resto, o que se viu é que os autarcas não leêm, não estudam e não trabalham ao contrário do ministro que sabia os números e sabia os factos. O sr Ruas se algum dom tem é no uso da demagogia e de uma retórica pobre, vazia e feia. Os autarcas passaram para o público uma imagem muito negativa.
«O Prós e Contras de ontem foi um programa de televisão notável, sobre o qual se poderia escrever um livro. Um livro sobre Portugal.
Breves notas sobre o debate que comentarei mais em detalhe noutro sítio: Por estranho que possa parecer, fruto também dos nossos preconceitos, os autarcas saíram-se muito melhor do que o Ministro António Costa, apoiado por Saldanha Sanches. Muito, muito melhor. A começar pelo que não se esperava que acontecesse: mostraram um grande domínio da realidade, um muito bom conhecimento dos mecanismos perversos da nova legislação, uma grande capacidade argumentativa e foram ... muito menos demagógicos do que o Ministro. António Costa foi de uma agressividade malcriada, roçando o insulto, autoritário e demagógico até ao limite. Fernando Ruas comportou-se com uma enorme delicadeza de trato face aos golpes baixos do Ministro, aos quais não era alheio um desprezo intelectual pelos seus interlocutores. E de "classe", diriam os marxistas, face a um Portugal a que ele claramente se acha superior. Por muito sofisticado que queira ser esqueceu-se de uma regra que funciona magnificamente em televisão: aqueles homens alguns rudes, outros tímidos, transmitiram muito melhor um sentimento de "dedicação" ao seu "povo" do que o governante, que se ria deles.» In abrupto