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Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Que nenhuma estrela queime o teu perfil

Avatar do autor julmar, 25.02.25

Como é possível não gostar de poesia? Como é possível ler um poema, um poema apenas? Eu quis escolher um único poema para te lembrar  ...  e estava a ver que não parava! Tudo o que se disser de divino, da palavra e do poema é de ti que estão a falar!

Que nenhuma estrela queime o teu perfil

 Que nenhum deus se lembre do teu nome

 Que nem o vento passe onde tu passas.

Para ti criarei um dia puro

 Livre como o vento e repetido

Como o florir das ondas ordenadas.

Sofia Breyner

A História é sempre igual

Avatar do autor julmar, 25.02.25

Ao reler posts do meu primeiro blog, O Pitagórico, encontrei este sobre Eduardo Lourenço:
"Bom seria que os políticos portugueses lessem mais Eduardo Lourenço. É, seguramente, uma das vozes mais autorizadas da nossa história e da nossa cultura. Mas nós queremos
discursos fáceis e soluções simples.
Em artigo publicado na revista Visão ‘Entre Céu e Terra’ alerta para o grande perigo actual que consiste na anestesia geral perante o terror, a tortura, a fome, a dor e a normalidade com que se aceitam os erros do homem mais poderoso do mundo.
«Já ninguém se indigna quando o homem mais poderoso da Terra declara que iniciou uma guerra com um saldo de 30 mil mortos, por um erro de informação».
Então, somos todos estúpidos? Bush afirma que, ainda que o argumento esteja errado, a tese é verdadeira."

Que nos diria hoje Eduardo Lourenço, sobre o atual inquilino que, qual Lúcifer, promete abrir a porta do Inferno?

Que falta faz a filosofia!

Avatar do autor julmar, 12.02.25

Pablo Enrique Holbach en el Diccionario soviético de filosofía

O autor do texto é Barão d'Holbach (Paul-Henri Thiry, 1723-1789), um filósofo francês do Iluminismo, conhecido por seu materialismo radical e seu ateísmo. O trecho reflete suas críticas às religiões organizadas e à ignorância que, segundo ele, perpetua falsas crenças. Holbach escreveu obras como Sistema da Natureza, onde desenvolve suas ideias sobre a religião, a moral e a natureza humana. 

Embora interesse a todos os homens conhecer a verdade, são muito poucos os que gozam desse privilégio. Uns são incapazes de a procurar por si próprios, outros não querem fazer esse esforço. Não devemos por isso espantar-nos com o facto de o mundo estar cheio de opiniões vãs é ridículas; nada as faz correr melhor do que a ignorância, aí reside a única fonte de falsas ideias que temos da divindade, da alma, dos espíritos e de quase todos os Outros temas que constituem a religião. O uso prevaleceu, contentamo-nos com os preconceitos que vêm desde o nosso nascimento e entregamos as coisas mais essenciais a pessoas interesseiras que têm como lei sustentar teimosamente as opiniões recebidas e não ousam destruí-las com medo de se destruírem a si próprias.

Toda a arte é perfeitamente inútil - Respigos de uma leitura antiga

Avatar do autor julmar, 11.02.25

O Retrato de Dorian Gray - 1

«O artista é o criador de coisas belas.
Revelar a arte ocultar o artista é o objectivo da arte.
O crítico é aquele que consegue traduzir de outro modo ou em novo material a sua impressão das coisas belas.
A mais elevada, como a mais medíocre, forma de crítica é uma expressão autobiográfica.
Os que encontram significados disformes em coisas belas são os cultos. Para esses há esperança.
São os eleitos para quem as coisas belas apenas significam Beleza.
Não existem livros morais ou imorais. Os livros são bem ou mal escritos. É tudo.
A antipatia do século XIX pelo romantismo é a raiva de Caliban ao ver a sua cara no espelho.
A antipatia do século XIX pelo romantismo é a raiva de Caliban por não ver a sua cara no espelho.
A vida moral do homem é assunto para o artista, mas a moralidade da arte consiste na perfeita utilização de um meio imperfeito. Um artista não quer provar coisa alguma. Até as coisas verdadeiras podem ser provadas.
Um artista não tem simpatias éticas. Uma simpatia ética num artista é um maneirismo de estilo imperdoável.
Um artista nunca é mórbido. O artista pode exprimir tudo.
Para o artista, o pensamento e a linguagem são instrumentos de uma arte.
Para o artista o vício e a virtude são matéria de uma arte.
Do ponto de vista formal, o modelo de todas as arte é a arte do músico. Do ponto de vista sentimental, o trabalho do actor é o modelo.
Toda a arte é simultaneamente superfície e símbolo.
Os que penetram para lá da superfície, fazem-no a suas próprias expensas.
O que a arte espelha realmente é o espectador e não a vida.
A diversidade de opinião sobre uma obra de arte revela que a obra é nova, complexa e vital.
Quando os críticos divergem, o artista está em consonância consigo próprio.
Podemos perdoar um homem que faça uma coisa inútil desde que não a admire. A única desculpa para fazer uma coisa inútil é ser objecto de intensa admiração.
Toda a arte é perfeitamente inútil»

Antologia - Pico de la Mirandola

Avatar do autor julmar, 10.02.25

Discurso Sobre a Dignidade do Homem - 1

Não te dei, ó Adão, nem rosto, nem um lugar que te seja próprio,

nem qualquer dom particular, para que teu rosto, teu lugar e teus

dons, os desejes, os conquistes e sejas tu mesmo a possuí-los.

Encerra a natureza outras espécies em leis por mim estabelecidas.

Mas tu, que não conheces qualquer limite, só mercê do teu arbítrio,

em cujas mãos te coloquei, te defines a ti próprio. Coloquei-te no

centro do mundo, para que melhor possas contemplar o que o mundo

contém. Não te fiz nem celeste nem terrestre, nem mortal nem

imortal, para que tu, livremente, tal como um bom pintor ou um hábil

escultor, dês acabamento à forma que te é própria".

(Pico de la Mirandola)

Nunca é tarde demais para começar

Avatar do autor julmar, 09.02.25

Daisies by Nadine Stair ...

Nadine Stair, escritora americana, aos 85 anos, escreveu este poema:
“Se pudesse voltar a viver a minha vida,
Da próxima vez gostava de fazer mais erros.
Descontraía. Faria mais disparates.
Levaria menos coisas a sério.
Corria mais riscos. Acreditava mais.
Subia mais montanhas e nadava em mais rios.
Convidava os amigos mesmo que tivesse nódoas na carpete,
Usava a vela em forma de rosa antes de ela se estragar no armário,
Sentava-me na relva com os meus filhos
sem me preocupar com as manchas verdes na roupa.
Tinha rido e chorado menos em frente da televisão
e mais em frente da vida.
Tinha contado mais anedotas e visto o lado cómico das coisas.
Tinha descoberto menos dramas em cada esquina,
e inventado mais aventuras.
Se calhar, tinha mais problemas reais,
Mas menos problemas imaginários.
É que, sabem, sou uma dessas pessoas que vive com sensibilidade
E sanidade hora após hora, dia após dia.
Oh, tive os meus momentos,
e se pudesse fazer tudo de novo, outra vez,
tinha muitos mais.
De facto, não tentaria mais nada.
Apenas momentos, uns após outros,
em vez de viver tantos anos à frente de cada dia.
Fui uma dessas pessoas que nunca foi a lado nenhum sem um termómetro,
Botija de água quente, casaco para a chuva e pára-quedas.
Se pudesse fazer tudo outra vez, viajava mais leve do que viajei.
Se tivesse a minha vida para viver de novo,
começava mais cedo a andar descalça na Primavera,
e ficava sempre assim, mesmo mais tarde, no Outono.
Ia a mais bailes.
Cantava muitas mais canções.
Diria muitos mais «amo-te» e «desculpa».
E apanharia mais papoilas."