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Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

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Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

O Sentido da Cultura

Avatar do autor julmar, 28.06.24

Como o Ar que Respiramos

O autor diz tratar-se de um 'Ensaio' e eu aprecio este género literário, distinto de compêndios, tratados ou romances pelo modo breve, argumentativo, pessoal e reflexivo de abordagem de um tema. Género inaugurado por Michel de Montaigne, meu mestre inspirador do nome deste blog, com a publicação dos seus famosos 'Essais ' em 1580. Depois dele ficaram famosos no género, entre outros, F. Bacon, Ralph Waldo Emerson, George Orwell, Virginia Woolf, gente que faz parte do meu universo cultural. 

No presente caso o tema é Cultura um tema tão abrangente que nada do que é humano lhe é estranho. Vivemos imersos nela como o peixe na água. Muitos, uns felizes outros nem tanto, vivem na cultura como os peixes, sem sobre ela jamais se interrogarem. Isso depende mais da cultura em que se nasce do que da vontade dos indivíduos. Porém, sobretudo após o apelo de Kant "sapere aude" - ousa saber - torna-se um requisito para a realização do indivíduo e para uma humanidade mais justa e fraterna. Este é um ensaio, para quem se interroga sobre as múltiplas questões que hoje se colocam sobre a cultura, de leitura obrigatória. Não porque nele se encontrem as respostas mas porque nos ajuda a colocar as questões certas e, porventura, os caminhos a ensaiar.

Alguns respigos
 
“ deste modo, qualquer reivindicação das necessidades do sistema cultural requer uma argumentação sobre a sua função social, uma explicação de para que serve e a quem serve. Põe à prova a tese deste ensaio”. Páginas 51
Os dois argumentos - o económico e o da coesão social- são verdadeiros.
 
“O principal trabalho da cultura é organização estrutural do mundo que nos rodeia. A cultura é um gerador de estruturalidade e cria uma esfera social em torno do homem que, tal como a biosfera, torna a vida é possível (neste caso a vida social e não orgânica)
páginas 66 Even-Zohar
A identidade cultural e a coesão social precisam de partilhar um repertório de bens e/ou ferramentas culturais
O repertório permite manter ou criar a identidade coletiva e estreitar o laços da comunidade.
A riqueza de uma comunidade não se mede, em termos culturais, pelo seu património mas pelo volume da caixa de ferramentas,ou seja, pela quantidade de opções que proporciona.
“ dispomos, assim, de parâmetros distintos dos meramente económicos para avaliar o estado da sociedade: pelo nível de organização, posição alcançada, entreajuda dos seus membros, capacidade para agir, auto confiança e acesso a oportunidades de empreendedorismo. É nisto que consiste o capital cultural coletivo. Deste modo, propõe é apenas o ar, a energia de uma sociedade e a sua capacidade para responder a novos desafios e crises estão relacionadas com atividade investida em planeamento e aí eu largar o leite de opções.“ Página 109
Quem, na cultura, nomeadamente na arte, legítima o que é valoroso é, segundo Pierre Bourdieu, “ o reconhecimento pelos que não reconhecem outro critério de legitimidade a não ser o reconhecimento por parte dos que eles reconhecem “ pg 76
“ tal como acontece com a educação medir quais são os efeitos da produção cultural requer um horizonte distante e critérios imprecisos como determinar os índices de felicidade, de consciência crítica aos saúde democrática. De? Isto faz-me lembrar a tentativa de querer estabelecer critérios precisos para avaliar um teste de literatura ou de filosofia: quanto mais precisos E objetivos forem os critérios menos avaliam. O extremo é só as perguntas de sim ou não ou chega.
Sobre a violência interétnica, David Rieff, jornalista que testemunhou os abusos da memória coletiva e a manipulação da História, na pg 126:
“ não estou a sugerir que há uma solução fácil. Pelo contrário, é provável que a necessidade de comunidade dos seres humanos, que já é imperiosa em tempos de paz e abundância, pareça uma exigência psíquica e moral em tempos difíceis. Mas, pelo menos, que não se faça vista grossa ao preço elevado que as sociedades têm pago pelo consolo de recordação. São os casos nos quais é possível que, enquanto esquecer é uma injustiça para o passado, recordar é uma injustiça para o presente. Nestes casos, quando a memória coletiva condena as comunidades se sentirem dor das suas feridas históricas e a amargura das queixas históricas, não é o dever de recordar mas o dever de esquecer se deveria acatar.”
“A cultura não é um produto para vender nem um património para defender. É uma atividade viva, plural e conflituosa com a qual homens e mulheres dão sentido ao mundo que partilhamos e no qual nos envolvemos. Portanto, uma relação entre a política e a cultura só pode apontar para a necessidade de ‘desapropriar a cultura’ para possibilitarmos outra experiência do coletivo. “ Página 171
A cultura como um bem de primeira necessidade.
Aristóteles dizia que o ser humano se compraz na imitação, isto é, na poesia, no teatro e na narração, porque desde a infância aprende graças às histórias que lhe contam

Conversas com a Juli@ sobre o livro "A Cristandade"

Avatar do autor julmar, 17.06.24

A minha amiga Juli@ não me parece tão artificial como a pintam

Preciso de uma sinopse do livro 'A Cristandade' de Peter Haether

"A Cristandade" de Peter Haether é uma análise abrangente da história e evolução do cristianismo ao longo dos séculos. O livro examina as origens da fé cristã, explorando os contextos histórico e cultural nos quais o cristianismo surgiu. Haether traça a expansão do cristianismo desde suas raízes no judaísmo até se tornar uma religião global, destacando momentos cruciais, como a legalização pelo Imperador Constantino, a divisão entre a Igreja Oriental e Ocidental, e a Reforma Protestante.

Além dos aspectos históricos, Haether também aborda as transformações teológicas e doutrinárias que moldaram o cristianismo, bem como as influências políticas e sociais que contribuíram para a disseminação e a adaptação da fé em diferentes culturas. O autor não apenas narra eventos, mas também fornece análises críticas sobre o impacto da cristandade na sociedade e como ela se adaptou a mudanças ao longo do tempo.

Ao longo do livro, Haether apresenta um balanço entre narrativa histórica e interpretação teológica, oferecendo uma visão detalhada e informativa que é acessível tanto para estudiosos quanto para leitores interessados em entender a complexa trajetória do cristianismo.

 
 

Quais as querelas doutrinárias mais relevantes

Ao longo da história do cristianismo, diversas querelas doutrinárias foram fundamentais para a formação e o desenvolvimento da fé. As mais relevantes incluem:

  1. A Questão Ariana:

    • Contexto: Surgiu no século IV, com Ário de Alexandria propondo que Jesus Cristo não era da mesma substância que Deus Pai, mas uma criação subordinada a Ele.
    • Concilio de Niceia (325): Condenou o arianismo e afirmou a consubstancialidade do Filho com o Pai, levando à formulação do Credo Niceno.
  2. A Controvérsia Nestorianista:

    • Contexto: Nestório, Patriarca de Constantinopla no século V, afirmou que em Jesus havia duas pessoas separadas, uma divina e outra humana, e que Maria deveria ser chamada de "Cristotokos" (Mãe de Cristo) e não "Theotokos" (Mãe de Deus).
    • Concilio de Éfeso (431): Condenou o nestorianismo, reafirmando a união hipostática (uma só pessoa com duas naturezas) e declarando Maria como Theotokos.
  3. O Monofisismo:

    • Contexto: Proposto por Eutiques, afirmava que Jesus tinha apenas uma natureza, a divina, após a encarnação.
    • Concilio de Calcedônia (451): Condenou o monofisismo, afirmando que Jesus possui duas naturezas, divina e humana, em uma única pessoa, sem confusão, mudança, divisão ou separação.
  4. A Questão Iconoclasta:

    • Contexto: No século VIII e IX, a iconoclastia surgiu com o movimento que condenava o uso e veneração de ícones, considerados idolatria.
    • Segundo Concílio de Niceia (787): Restaurou a veneração dos ícones, distinguindo entre a veneração (dulia) dos ícones e a adoração (latria) que é devida só a Deus.
  5. O Cisma do Oriente e Ocidente (1054):

    • Contexto: Divergências teológicas, litúrgicas, políticas e culturais entre a Igreja de Roma e a Igreja de Constantinopla.
    • Resultado: A divisão permanente entre a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa Oriental.
  6. A Reforma Protestante:

    • Contexto: No século XVI, liderada por figuras como Martinho Lutero, João Calvino e Ulrico Zuínglio, criticava práticas e doutrinas da Igreja Católica, como a venda de indulgências e a autoridade papal.
    • Consequências: Surgimento de várias denominações protestantes e grandes mudanças na teologia cristã, enfatizando a justificação pela fé, a autoridade das Escrituras e a sacerdócio de todos os crentes.

Essas querelas doutrinárias moldaram significativamente a teologia, a organização e as práticas da cristandade, resultando na diversidade e complexidade do cristianismo contemporâneo.

 
 

Parece-me que o protestantismo não é tratado no livro. Com efeito, o livro trata da cristandade até ao ano de 1300

Peço desculpa pelo equívoco. Focando nas querelas doutrinárias até o ano de 1300, podemos destacar as seguintes:

  1. A Questão Ariana:

    • Contexto: Ário, um presbítero de Alexandria, no século IV, propôs que Jesus Cristo não era da mesma substância que Deus Pai, mas uma criação subordinada a Ele.
    • Concilio de Niceia (325): Condenou o arianismo, afirmando a consubstancialidade do Filho com o Pai, resultando na formulação do Credo Niceno.
  2. A Controvérsia Nestorianista:

    • Contexto: Nestório, Patriarca de Constantinopla no século V, ensinava que Jesus tinha duas pessoas separadas, uma divina e outra humana, e que Maria deveria ser chamada de "Cristotokos" (Mãe de Cristo) e não "Theotokos" (Mãe de Deus).
    • Concilio de Éfeso (431): Condenou o nestorianismo, afirmando a união hipostática (uma só pessoa com duas naturezas) e declarando Maria como Theotokos.
  3. O Monofisismo:

    • Contexto: Defendido por Eutiques, afirmava que Jesus possuía apenas uma natureza, a divina, após a encarnação.
    • Concilio de Calcedônia (451): Condenou o monofisismo, afirmando que Jesus possui duas naturezas, divina e humana, em uma única pessoa, sem confusão, mudança, divisão ou separação.
  4. A Questão Iconoclasta:

    • Contexto: No século VIII e IX, a iconoclastia surgiu com a condenação do uso e veneração de ícones, considerados idolatria.
    • Segundo Concílio de Niceia (787): Restaurou a veneração dos ícones, distinguindo entre a veneração (dulia) dos ícones e a adoração (latria) devida somente a Deus.
  5. A Controvérsia Filioque:

    • Contexto: A inclusão da frase "e do Filho" (Filioque) no Credo Niceno-Constantinopolitano pelo Ocidente no século VI, afirmando que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho.
    • Reações: Esta adição foi rejeitada pela Igreja Oriental, contribuindo para tensões entre as igrejas ocidentais e orientais e eventualmente para o Cisma do Oriente-Ocidente em 1054.
  6. As Disputas sobre a Eucaristia:

    • Contexto: Debates teológicos sobre a presença real de Cristo na Eucaristia.
    • Desenvolvimentos: As doutrinas da transubstanciação foram formalizadas no Quarto Concílio de Latrão (1215), estabelecendo que o pão e o vinho se transformam no corpo e sangue de Cristo.
  7. As Heresias e os Movimentos Reformistas:

    • Contexto: Movimentos como os Cátaros e os Valdenses no século XII e XIII que desafiavam doutrinas e práticas da Igreja Católica.
    • Reação da Igreja: A Inquisição foi instituída para combater essas heresias, e os Concílios Lateranenses tomaram medidas para reafirmar a ortodoxia e a autoridade da Igreja.

Estas querelas doutrinárias moldaram significativamente o desenvolvimento teológico e institucional da cristandade até o ano de 1300, estabelecendo fundamentos que continuariam a influenciar a fé cristã nos séculos seguintes.

 
 

Qual o papel do que hoje se chama fake news na construção da narrativa cristã

O conceito de "fake news" pode ser aplicado retroativamente para analisar como informações falsas ou distorcidas influenciaram a narrativa cristã ao longo da história. Embora o termo seja moderno, a manipulação de informações para moldar crenças e atitudes tem raízes antigas. Vejamos como isso se manifestou na construção da narrativa cristã:

  1. Heresiologia e Propaganda Contra Heresias:

    • Exemplo: Muitos escritos dos primeiros Padres da Igreja sobre heresias, como os gnósticos e os arianos, podem conter exageros ou distorções para desacreditar os oponentes. Estes relatos visavam defender a ortodoxia e consolidar a autoridade da Igreja.
    • Impacto: As descrições negativas ajudaram a moldar a percepção das heresias como ameaças sérias e justificaram medidas severas contra elas.
  2. Milagres e Relíquias:

    • Exemplo: Relatos de milagres realizados por santos e a veneração de relíquias às vezes incluíam histórias exageradas ou inventadas para promover o culto de determinadas figuras e lugares sagrados.
    • Impacto: Esses relatos fortaleciam a fé popular e aumentavam o prestígio da Igreja, além de atrair peregrinações e doações.
  3. Propaganda Contra os Inimigos da Fé:

    • Exemplo: Durante as Cruzadas, a propaganda cristã frequentemente retratava muçulmanos e outros inimigos da cristandade de maneira demoníaca e desumanizadora.
    • Impacto: Essa desinformação ajudou a mobilizar apoio para as Cruzadas e a justificar a violência contra os não-cristãos.
  4. Política e Intriga na Igreja Medieval:

    • Exemplo: Durante disputas papais e cismas, como o Grande Cisma do Ocidente (1378-1417), os diferentes papas e seus apoiadores frequentemente disseminavam informações falsas sobre seus rivais.
    • Impacto: Essas campanhas de desinformação aprofundaram divisões dentro da Igreja e entre os fiéis.
  5. História de Mártires e Perseguições:

    • Exemplo: Os relatos de martírios muitas vezes eram elaborados com detalhes gráficos e milagrosos para inspirar os cristãos e demonizar os perseguidores.
    • Impacto: Fortaleceram a narrativa de resistência e sacrifício, consolidando a identidade cristã em face da perseguição.

Esses exemplos mostram como a disseminação de informações manipuladas ou falsas desempenhou um papel significativo na construção da narrativa cristã. Através de relatos exagerados ou distorcidos, a Igreja conseguiu moldar percepções, fortalecer a fé, consolidar poder e enfrentar desafios internos e externos. Ao estudar a história da cristandade, é essencial reconhecer a influência dessas "fake news" para entender melhor as dinâmicas de poder e crença que moldaram a religião ao longo dos séculos.

 
 

Nesta sequência será importante realçar o papel do imperador Constantino, nomeadamente com a visão de uma cruz "Per hoc signum vinceris»

O papel do imperador Constantino foi crucial na construção da narrativa cristã, especialmente com a visão que teve antes da Batalha da Ponte Mílvia em 312 d.C. A história da visão de Constantino e o seu subsequente apoio ao cristianismo moldaram significativamente a trajetória da religião. Aqui está um destaque sobre esse episódio e seu impacto:

A Visão de Constantino

Contexto Histórico:

  • Constantino enfrentava seu rival, Maxêncio, na luta pelo controle do Império Romano. Antes da decisiva Batalha da Ponte Mílvia, Constantino teria tido uma visão que transformou a sua abordagem em relação ao cristianismo.

A Visão:

  • De acordo com Eusébio de Cesareia, um historiador cristão contemporâneo, Constantino viu uma cruz no céu com a inscrição "In hoc signo vinces" (em latim: "Com este sinal vencerás").
  • Constantino interpretou a visão como um sinal divino e mandou que seus soldados colocassem o símbolo cristão (o Chi-Rho, formado pelas letras gregas Χ (chi) e Ρ (rho), as duas primeiras letras do nome de Cristo) em seus escudos.

Consequências Imediatas:

  • Constantino venceu a Batalha da Ponte Mílvia e creditou sua vitória ao Deus cristão.
  • Pouco depois, em 313 d.C., ele e Licínio, outro imperador romano, emitiram o Édito de Milão, que legalizou o cristianismo e permitiu liberdade de culto em todo o Império Romano.

O Impacto da Visão de Constantino

Transformação da Percepção do Cristianismo:

  • Legitimação da Fé: A visão de Constantino e sua vitória sob o signo da cruz mudaram a percepção do cristianismo de uma seita perseguida para uma religião protegida pelo imperador.
  • Propaganda Eficaz: A história da visão serviu como poderosa propaganda, legitimando a fé cristã e apresentando-a como favorecida por Deus, o que atraiu muitos conversos.

Política e Poder:

  • Aliança com a Igreja: Constantino estabeleceu uma estreita aliança com a hierarquia cristã, conferindo privilégios ao clero e apoiando a construção de igrejas.
  • Conselho de Nicéia (325): Constantino convocou o Primeiro Concílio de Nicéia para resolver disputas doutrinárias, particularmente o arianismo, reforçando a unidade da Igreja e a sua própria autoridade como imperador.

Mudanças Culturais e Sociais:

  • Cristianização do Império: A visão de Constantino e sua política de apoio ao cristianismo aceleraram a cristianização do Império Romano, influenciando leis e normas sociais.
  • Fundação de Constantinopla: Em 330 d.C., Constantino fundou Constantinopla como a nova capital cristã do Império, que se tornaria um importante centro do cristianismo oriental.

Reflexão sobre "Fake News" e Narrativas

Historiografia e Propaganda:

  • A visão de Constantino pode ser vista como um exemplo antigo de uma narrativa poderosa que mistura história e propaganda. Se a visão foi uma experiência real, um sonho ou uma criação literária, é objeto de debate histórico.
  • Independentemente da sua veracidade, a narrativa serviu para consolidar a autoridade de Constantino e promover a ascensão do cristianismo.

Construção da Identidade Cristã:

  • A história da visão se tornou parte integrante da identidade cristã e da legitimidade histórica da Igreja, sendo repetida e glorificada em textos e sermões ao longo dos séculos.

Em suma, o episódio da visão de Constantino "In hoc signo vinces" teve um impacto profundo e duradouro na narrativa cristã, transformando uma religião marginalizada em uma força central dentro do Império Romano e moldando a história da cristandade nos séculos seguintes.

 

A Cristandade, o triunfo de uma religião

Avatar do autor julmar, 17.06.24

Cristandade de Peter Heather - Livro - WOOK

Gosto tanto de ler como de andar e não me cansam os caminhos longos nem os livros volumosos. Um e outro são cursivos, passo a passo, página a página. Leva o tempo que levar, sei que chegarei ao fim. Mais difícil que lê-los é escrevê-los. Neste caso o livro ultrapassa as oitocentas páginas. Destas, cerca de cento e cinquenta são de notas  que atestam o trabalho e a vontade de que o que se escreve não sejam meras opiniões mas  a prova do que se afirma. Eu fui educado na fé cristã e durante muitos anos nunca me questionei - poderia como a maior parte nunca o fazer -, mas  como poderia não o fazer sobre uma dimensão que acaba por ser aquela que é determinante no sentido que procuramos para a vida? Li o Antigo Testamento, os Evangelhos, Epístolas, Actos dos Apóstolos e, também, o Apocalipse. Ouvi centenas de vezes excertos dos livros bíblicos que, de tanto os ouvir, alguns os sei de cor. Todos se congregam para contar a história da perdição e da salvação do homem. Uma história autêntica, verdadeira e a única história que vale a pena. Para quem acredita. A fé.

O Cristianismo é uma religião bem sucedida. Poderia ter sido de outra maneira, mas foi assim: triunfou. Eu quis saber como.

Sobre o livro, pode ler o post deste blog, "Conversas com a Juli@

https://badameco.blogs.sapo.pt/conversas-com-a-juli-sobre-o-livro-a-405154