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Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Última leitura

Avatar do autor julmar, 31.12.23

O Último Sonho

Acabei de ler «O último sonho», no último dia do ano de 2023. À medida que envelhecemos cada dia, cada mês, cada ano é a última vez que fazemos alguma coisa, a maior parte delas coisas a que não prestamos atenção. É assim a vida. Mas continua a esperança de fazermos aquilo que ainda não foi feito, renovada com a leitura do presente livro que nos fala da realização de um sonho de escrita, nem que seja se um 'Romance Mau' de um autor que nos habituou a filmes tão bons.

À medida que vou lendo um autor, neste caso, Pedro Almodóvar, vou-me lendo a mim próprio, na experiência de viver num seminário, da minha mãe que sempre que falava do seu passado acabava dizendo “a minha vida escrita era um romance”. E não duvido que tivesse razão, mas também sobre a relação do escrever com o andar, sobre a solidão, sobre o amor à vida na sua efemeridade, sobre o ser ateu. E dou-me conta, no pouco que escrevo, quanto de autobiográfico contém. Iniciei o ano que agora termina com uma grande, em todos os sentidos, autobiografia de Richard Dawkins cientista e ateu assumido a quem devo muito, quanto não sei. 

“As pessoas pensam que os filhos são coisas de um dia. Mas demora muito tempo. Muito”, dizia Lorca. As mães também não são coisa de um dia. E não precisam de fazer nada de especial para ser essenciais Essenciais, importantes, inesquecíveis, didáticas. Eu aprendi muito com a minha mãe, sem que ela ou eu nos déssemos conta. Aprendi uma coisa essencial para o meu trabalho, a diferença entre ficção e realidade e como a realidade necessita de ser complementada com a ficção, para tornar a vida mais fácil."

Belas são as flores

Avatar do autor julmar, 14.12.23

Eu Vi uma Flor Selvagem

Aprecio os cientistas que não se limitam a fazer ciência mas partilham o seu conhecimento com o público "leigo na matéria", uma dimensão importante, já que parece que cada vez um maior número de pessoas, mesmo aquelas que frequentaram as academias, espalham teorias  em que se nega o valor da ciência.

A divulgação científica é um elo vital entre os avanços da pesquisa e o entendimento do público leigo. Os cientistas desempenham um papel crucial ao traduzir o complexo jargão científico para uma linguagem acessível, compartilhando descobertas e conhecimentos de forma compreensível. Esta ponte entre a academia e o público é essencial para fomentar a apreciação da ciência, combater desinformação e inspirar o interesse por descobertas inovadoras. Ao comunicar de maneira clara e envolvente, os cientistas contribuem para a construção de uma sociedade mais informada e capacitada, onde a ciência é valorizada como uma ferramenta poderosa para compreender e transformar o mundo ao nosso redor.

O autor que passou, enquanto cientista, a olhar para o céu, não deixou de olhar e maravilhar-se com coisas que à maior parte passa despercebido: o mundo das flores. Não dessas flores domésticas que as floristas transformam em ramos para ofertas, mas de flores selvagens. Sei o que é esse mundo, eu que, todos os dias, manhã cedo, no meu passeio matinal me deparo com esse espetáculo que a natureza nos oferece. Às vezes, perco-me nelas e são tão belas que às vezes lamento não ficar com elas. 

A Hora dos Lobos

Avatar do autor julmar, 14.12.23

Bertrand.pt - A Hora dos Lobos

Pertenço à geração baby boomer, daqueles que nasceram entre 1945 e 1964, embora de um país que não participou, diretamente, na Segunda Guerra Mundial. E, na verdade, em Portugal não se fez sentir nem uma explosão de natalidade, nem um crescimento económico comparável  aos dos países beligerantes objeto do Plano de Recuperação Europeia, mais conhecido como Plano Marshal. Planeamento familiar era pecado e os bébés continuaram a ser trazidos por cegonhas , grande parte deles a transformarem-se em anjinhos. Por cá nada havia para reconstruir e sem ruturas económicas, políticas, sociais ou culturais prosseguimos na continuidade de uma austera, apagada e vil tristeza que a ditadura nos havia de proteger de todas as mudanças das nações que no pós-guerras se construíam.  

 "A Era dos Lobos" trata desse período difícil do pós-guerra das lutas que as pessoas enfrentaram para sobreviver e reconstruir suas comunidades.  O livro oferece uma análise profunda e reflexiva desse momento crucial na história alemã e, parece quase um milagre como é que uma nação destruída material e culturalmente se consegue erguer de uma forma tão dinâmica e progressista em tão curto tempo.