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Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

1984 - cada vez mais próximo?

Avatar do autor julmar, 27.03.23

Li este livro no ano de 1966, em edição francesa, e, penso que o maior proveito terá sido essa - ler um livro numa língua estrangeira. Quanto ao conteúdo não sei quanto me afetou, nem tenho modo de o saber, pois, não tinha ainda o hábito sistemático de registar as leituras e, menos ainda, de escrever sobre elas. Perguntava-me, certamente, como seria o mundo em 1984. O livro teve publicação em 1949, um ano antes de eu nascer. De 1984 até agora decorreram 39 anos. 

O autor morreu em 1950 e nem saberia quanto aquilo que escreveu como ficção se viria a tornar real (embora o nazismo e o estalinismo prefigurassem esse mundo) numa caminhada que continua na mesma direcão. O Grande Irmão surgiu na forma da Internet para cumprir os seus desígnios - Vigiamo-nos uns aos outros e o Estado vigia-nos a todos; cuidado com o que pensamos e o ideal é mesmo não pensar; estamos a construir uma nova língua onde são riscadas as palavras que não devemos usar desde o género, à cor, ao estado...; há elites cada vez mais separadas da sociedade; há a reescrita da História, tal como diz o Partido "Quem controla o passado , controla o futuro; quem controla o presente controla o passado". 

Até a divisão do mundo em três grandes potências, com a ocorrência da guerra na Ucrânia, parece estar a prefigurar-se: A Oceâmia, a Eurásia e a Lestásia. 

 

A militarização da população

Avatar do autor julmar, 05.03.23

O Regresso do Leviatã Russo

Tinha resistido, desde que começou a última invasão à Ucrânia, à leitura de livros de capa vermelha que foram tomando conta dos escaparates das livrarias. Tinha terminado o ano de 2021a ler o Gulag, entre outros livros sobre a URSS, e havia outros domínios com que preferia gastar esse bem escasso que todos os dias me falta mais - o tempo. Mas, como sempre, pegamos num livro, vemos quem é o autor, vemos o índice, a extensão dos capítulos, até a forma e tamanho da letra e do livro, a contracapa, apreciações feitas e, claro, o título. Ligamos ao que já sabemos , prevemos o que poderemos aprender. Lembramos o Contrato Social de Rousseau e  o Leviatã de Hobbes, parecendo que é este que agora leva a melhor, pois, parece que o momento é uma "guerra de todos contra todos"  e, de repente se descobre que os lobos andam à solta.

O livro é escrito e publicado antes da última invasão da Ucrânia pela Rússia mas Putin já vinha preparando essa e outras ... se o deixarem. Nada melhor que começar pelas crianças para despertar o lobo que há em nós. Um extrato elucidativo:

Invasão com tanques.

«Na Rússia, a maior sensação do verão de 2015 eram os tanques. A estação abriu com o desfile do Dia da Vitória, o dia 9 de maio, com a revelação do novo tanque russo, o T- 14 Armata (que deve dizer-se, avariou mesmo em frente ao Mausoléu de Lenine), e a acesa discussão sobre o acontecimento, nos meios de comunicação social e nas redes sociais. O desfile passou, mas o amor pelo material militar não diminuiu e, no dia 12 de junho, o dia da Rússia, em Tambov, mães patrióticas organizaram a sua própria parada, transformando os carrinhos de bebé dos filhos em tanques de contraplacado, completando-os com armas, e vestindo os filhos com roupas de soldados e bivaques militares. No mesmo dia, foi inaugurada em kubinka, perto de Moscovo, uma Disneylândia para crianças mais crescidas, cujo tema eram os tanques. O parque militar, batizado como “Patriota” custou vinte mil milhões de rublo s(300 milhões de dólares) e exibe o mais recente tipo de armamento, organiza espetáculos com tanques e até inclui instalações para aqueles que se queiram inscrever no serviço militar. Por dia, vinte mil pessoas visitam o “Patriota».