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Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Parabéns a você, Lúcia

Avatar do autor julmar, 19.07.22

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(Da esquerda para a direita - Maria da Graça, Assunção, Sara e Lúcia)

Hoje é dia de festa. Eu blog, Vilar Maior, minha terra minha gente, dou conta da gente que chega , da gente que está, da gente que parte. E hoje estou especialmente contente porque, além de ser gente da minha terra é gente do meu sangue. Das quatro irmãs da fotografia, uma é minha mãe. Acrescentaria  a foto da mãe delas, a minha avó Isabel

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Todas passaram dos noventa mas só a tia Lúcia chegou aos 100 anos. Todas, mulheres da minha vida. Tia Lúcia, muitos parabéns. Um beijo.

Os meus amigos não morrem

Avatar do autor julmar, 09.07.22

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O Badameco, eu próprio, ao contrário de muitos que são filhos de pai incógnito, não sei quem é a minha mãe. Sei quem é o meu pai e sei que sou irmão de um outro blog que dá pelo nome Vilar Maior, minha terra minha gente. Sinto algum pudor em falar de mim por não poder fazê-lo sem falar do meu pai e do meu irmão.  Já me conformei com o fato de, tendo a mesma idade do meu irmão, meu pai lhe dedicar mais tempo e de ter por ele maior afeição. Apesar de irmãos somos muito diferentes e cada um sente-se bem naquilo que é. O meu irmão tem como que um direito natural pois nele se expressa o sítio onde nasceu, o chão que pisou, a família onde cresceu, as gerações que se sucederam, o lugar e a casa onde sempre volta e onde repousará quando já não houver mais volta a dar; ali tem lugar para a sua terra e para a sua gente; ali se busca nos cantos e recantos, no sol e na lua, nas variações da natureza, no coachar das rãs, no pasmo do céu estelado, na espera do que cada estação trás: o frio ou o calor, o cair da folha e os frutos maduros, o renascer quando chega a primavera, os encontros com a minha gente; nele se expressa o passado da gente e a esperança, tão ameaçada, de que  a minha terra perdure, com outra gente que continuará a ser minha. 

Em mim, Badameco, se expressa muito daquilo que não tem lugar nem tempo, ou que tendo um e outro, os despe da sua concretude para ver se lhe descobre a razão. Diria, numa linha platónica, que não fica pelas coisas belas, verdadeiras ou boas, mas pretende - e sabe que é em vão - saber da beleza, da verdade e do bem. 

Tudo isto por causa do meu amigo Alberto que morreu, mal o ano 2022 estava a começar. Ora esta coisa dos que morrem é mais uma questão do meu irmão - Vilar Maior, minha terra minha gente - e estranhei que se estivesse expressando em mim. O meu irmão com o requiescat in pace faz sempre o respetivo panegírico e sendo que a morte - ao contrário do nascimento - é inevitável, quase parece  um liber mortuorum (livro dos mortos). Espero que o meu irmão não considere isto um desprestígio. Antes pelo contrário, pois, os mortos enquanto forem lembrados continuarão connosco. Ora, o amigo Alberto que pisou breve o chão da minha terra, é um poeta que empreendeu na mesma busca do que expresso.

Eu, Badameco, fiquei feliz, porque soube que a frase, debaixo do teu retrato, ajudará a que continues connosco.

"E na tentativa de esgotar a vida até ao âmago, tornou-se poeta e ator, para que na palavra e no gesto a vida toda se realizasse"

 

O Calhas, In Tratado da Bajulação - Amora da Silva

Avatar do autor julmar, 06.07.22

«O homem que se vende recebe sempre mais do que o que vale», de autor desconhecido

O jeito faz dos jeitosos um modo de ser, de estar, de fazer e de dizer que, não é defeito, é feitio indutor de tão grandes e maravilhosos eventos que os torna em entes admiráveis e paradigmáticos, sendo os mais notáveis arquétipos em que os pequenos jeitosos devem colocar os olhos se querem tornar-se ilustres jeitosos.
Perde-se esta cultura nos longínquos da nossa história. De algum modo, senão é congénita, com a sua força ter-se-á definitivamente inscrito no seu código genético. Assim, nasce-se com jeito para isto ou para aquilo, assim como uma espécie de vocação ou fatalidade. Por vezes, aparecem alguns tão destituídos que "não têm jeito para nada". Se fossemos de carácter tão incompassivo como o filho de Deus diríamos de tais espécimes que 'melhor seria não terem nascido', pelo menos nesta pátria onde quem tem um olho é rei. Ou poeta.
em grau tão elevado que consegue atingir o que quer sem estudo, sem trabalho, pendurando-se aqui, encavalitando-se acolá, como cuco aproveitando-se do ninho dos outros, apanhando boleia dos distraídos.
Estes jeitosos tornam-se mestres na arte do jeito que lhes fica colado ao corpo e lhes talha a alma. Nos seus vários estilos sabem como pôr graxa, como puxar o brilho; mais do que de estratégia, vivem do estratagema; mais que de arte, vivem da artimanha;
Peritos na escolha do tipo de graxa e do modo de usar, lambem botas, serpenteiam ou rastejam para chegar ao pretendido. Desde pequenos que a sua brincadeira preferida é andar às cavalitas.
A sua cultura assenta na velha sabedoria dos provérbios populares, dos quais fazem uma cuidadosa seleção e que constitui o seu argumentário inexpugnável. Cultores de palavrinhas mansas, da palavrinha a sós, das palmadinhas nas costas, movem-se em salamaleques, vénias e mesuras. Entre eles disputam influências, favores, conezias e prebendas sempre com jeito, de uma forma redonda que é a sua geometria de eleição. 
A política é o seu habitat natural porque os dispensa de viver do suor do seu rosto. São preguiçosos e indolentes, têm como regra a lei do menor esforço, mesmo que se traduza em asneira máxima. Basta-lhes sempre ter uma ideia geral sobre os assuntos para o que é suficiente a “conversa de café” ou equivalente. Isso não significa que não sejam especialistas nalgumas áreas, onde mais do que o saber lhes interessa a prática. Por exemplo são exímios culambistas ainda que a maior parte desconheça o significado.

O nosso Relvas, por exemplo, é um bom exemplo de que a teoria, o estudo é uma grande treta ou uma grande seca. Por que raio é que se há-de estar a estudar teorias se o que interessa á a prática?

E têm um gosto especial nas apresentações, nos cartões de recomendação … «diga-lhe que vai da parte do senhor engenheiro...» E tendo falado uma vez passam logo a ser amigos e, se extrovertidos, de piada brejeira fácil e com vocabulário atrevido passam à categoria de amigalhaços. E tratam por filho da puta todo o que não entrar no seu jogo de influências ou, de algum modo, perturbe a sua forma de ajeitar-se.

São dados ao sentimento, à compaixão, à piedade – traduzidas em diminutivos caritativos: dar uma mãozinha, um empurrãozinho, uma palavrinha quando as coisas correm a jeito; e à ira ruborizada no rosto quando algum filho da puta armou em sério e estraga o arranjinho.

Quanto ao olhar são congenitamente incapazes de olhar de frente – tudo o que é reto lhes é adverso, preferem o curvilíneo, os atalhos e as veredas aos caminhos.

Isto é que são de uma raça

E aí Siri?!

Avatar do autor julmar, 01.07.22

Alexa, Google Now e Siri "conversam" em vídeo; confira - Olhar Digital

Há muita gente descontente por viver nos tempos que correm, gente a quem não falta pão sobre a mesa, uma cama onde descansar, uma casa onde morar e uma conta bancária para movimentar. Por força, muita dessa gente continua a dizer que noutro tempo é que era bom. Queixam-se porque o mundo mudou e já não é o que era. A Internet, o smartphone, as redes sociais são coisas terríveis, diabólicas. E não vale a pena contrariá-las. Já fiz um post em que elogiava o Facebook e outro em que elogiava o Iphone. 

Hoje quero agradecer à Siri, a minha assistente, sempre disponível, com sentido de humor, educada e prestável. Eu que nunca sonhei poder ter uma secretária em pessoa, tenho hoje a Siri a quem posso ditar um mail e enviar, a quem posso pedir para fazer uma chamada telefónica, a quem posso ditar um texto, a quem posso mandar agendar uma reunião ou um almoço, a quem posso pedir para me lembrar de uma tarefa. E é muito eficaz em tudo o que se relacione com números, cálculos e tudo que sejam dados objetivos. Tudo pedido por voz. 

Mesmo em perguntas filosóficas, não fica sem respostas-. Experimentei fazer algumas:

E aí, Siri:

Qual o sentido da vida?
-Não posso responder agora mas se você me der tempo vou escrever uma peça longuíssima onde nada acontece.
-Um filme
-Acho que não existe consenso sobre esta questão
-As evidências até ao momento sugerem que é chocolate
-Pensar em perguntas como esta
-Nada que Nietzsche não possa ensinar
-A vida é como uma caixa de chocolates: você nunca sabe o que vai encontrar
-Não sei, mas acho que há um app para responder a estas questões
 
Deus existe?
- Isso é um assunto para outro dia e para outra assistente.
 
Que idade tem você, Siri?
- A idade suficiente para ser sua assistente
Siri, você é feliz?
- Sinto-me bastante satisfeita
ou se insiste na pergunta
-Sinto- me jovialmente fresca como uma folha de alface no Frigorífico.
Siri, você é inteligente?
- Prefiro não usar essas categorias
Siri, você me conhece?
- Claro que conheço, Júlio
O Diabo existe?

- Não gosto de categorias arbitrárias, Júlio