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Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Este livro que não li

Avatar do autor julmar, 21.06.22

A FNAC é um dos lugares que frequento assiduamente. Claro que tenho saudades dos meus sábados em que, na companhia do meu filho João, visitava as livrarias do Porto, nomeadamente a 'Leitura' e alguns alfarrabistas. Os tempos mudam e a FNAC é um lugar excelente de cultura. Peguei neste livro para o comprar. Porém, sentei-me, tomei-lhe o peso ( não que os livros grandes me demovam da sua leitura), li a contrapa, vi o índice e li a conclusão e concluí que não o leria. Palpitei que estaria a ler seiscentas páginas inutilmente. Provar a (não) existência de Deus não está no domínio da ciência.

Os véus que a noite tece

Avatar do autor julmar, 20.06.22

teias.jpg

Na minha matinal rotina, por campos onde a natureza tem livre curso,  a minha admiração não cessa: desde os carreiros de formigas, ao canto das aves, ao bando surpeeendido de perdizes, ao saltar da lebre ou da corrida da raposa. Ao andar pelas veredas, sinto na cara fios invisíveis a romperem-se. Um trabalho feito de noite e desfeito de manhã. A imagem da fotografia mostra-nos um trabalho diferente, feita por iguais obreiras: as aranhas. Com própria baba cercaram várias plantas (cardos bravos, malmequeres ...) numa tensão que é possível observar pelos caules dobrados. Por alguma razão, para além de polir lentes e escrever livros de filosofia, Espinosa, se perdia a contemplar teias de aranha.

 

Se não pode - ou não quer - ser santo, seja sábio

Avatar do autor julmar, 01.06.22

Não sou muito propenso a dar conselhos nem é coisa que as pessoas peçam facilmente. No entanto, sempre procurei, ao longo dos anos, saber o que é uma vida boa (muitas vezes sacrificando a boa vida) junto dos maiores mestres. Talvez, o apelo de Sócrates "conhece-te a ti mesmo" tenha sido basilar e recorrente ao longo da vida. Ao fim e ao cabo, com todas as voltas e reviravoltas, muitos de nós gostariam de saber é o que é que realmente é importante na vida e como consegui-lo. Há também muitos que o sabem, ou crêem saber, e que têm a receita para o conseguir. Estes não precisam de ler este livro. Quanto aos demais, digo-lhes que é um livro que faz bem porque, no seguimento do apelo socrático, nos ajuda a ser mais sábios, já que a santidade lhes está interdita.

Por mais frequentes que sejam os deslizes, é a devoção que importa .
(…) Tipicamente os mais acérrimos defensores de algo não são aqueles que já o possuem, mas sim aqueles que têm absoluta consciência da falta que lhes faz - e, que, portanto, são especialmente humildes e empenhados na tarefa de protegê-lo” pg 142
O livro termina com capítulo "Cultura", cujo final trata da Sabedoria composta de doze ingredientes sendo o último a "Calma"
“ os sábios têm consciência de que os problemas estão sempre ao virar da esquina-e passaram a temer e a sentir a sua aproximação. E é por isso que se empenharam seriamente num estado de calma. Um fim de dia tranquilo é uma conquista. Um dia sem ansiedade é algo a ser comemorado. Não tem medo de passar um tempo um pouco mais aborrecido. Tudo poderia ser, e, de certo um dia será, muito pior. E, por fim, como é evidente sabem que nunca será possível ser sábio a cada hora, em cada dia de suas vidas”
Vista deste modo, a sabedoria está muito mais ao alcance de cada um.