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Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Hitler e Estaline, o lado escuro da humanidade

Avatar do autor julmar, 31.03.22

Hitler e Estaline os Tiranos e a Segunda Guerra Mundial

Duas versões da mesma realidade. É muito mais o que os une do que aquilo que os separa. Partilhamos com eles a mesma natureza. Foram crianças como nós e, por mais análises psicológicas, psicanalíticas, sociais que se façam ninguém, nem os próprios pensariam vir a ser o que foram: monstros humanos. Um e outro de fé e convicção profundas ingredientes imprescindíveis da ação com vista à realização de uma utopia. De modo diferente, dois líderes carismáticos seguidos por enormes rebanhos movidos pela admiração e pelo medo. 

Eles são os responsáveis por milhões de mortes e pelo sofimento feito de fome, frio, tortura, prisão, deportações,  separações, violações incontáveis e inenarráveis. E, claro, tudo isso aconteceu porque as pessoas deixaram por ignorância, por medo, por interesse, por cobardia. Porque somos tudo isso. E porque aprendemos pouco com o passado, sujeitamo-nos a repetir os mesmos erros. Ao ler este livro bem vemos como eles se estão a repetir na Ucrânia, tudo tão parecido. Por acaso, Hitler não tinha um botão onde carregar para estoirar com tudo e estoirou apenas os próprios miolos. Não sei sobre as leituras dos políticos, mas este, para eles, devia constar das leituras obrigatórias.

«Semanas antes, em dezembro de 1944, Charles de Gaulle testemunhara semelhante exibição de técnica de liderança de Estaline. Num banquete no Kremlin, Estaline propôs um brinde ao comandante da força Aérea do Exército Vermelho, o Marechal Novikov. “Criou uma excelente força Aérea,“ disse. “Mas se não fizer bem o seu trabalho, então matamo-lo.“ Estaline voltou-se então para o general khrulev, chefe dos abastecimentos. “Ali está ele! A sua função é levar homens e materiais para a frente. É bom que dê o seu melhor, caso contrário, é enforcado. É o costume do nosso país!” Mais tarde, nessa noite, disse ao seu intérprete, Boris Podzerov: “Sabes demasiado. Faria melhor em mandar-te para a Sibéria” página 493
 
“Por quantas mortes de civis foi cada um destes tiranos responsável?
Estaline e a fome do início dos anos 30 com cinco milhões de mortes, quase 4 milhões apenas na Ucrânia. Acrescentemos 1,6 milhões que pereceram no gulag (este número é um dos mais difíceis de calcular), mais de 1 milhão que morreu em consequência da deportações forçadas, cerca de 1 milhão executado como “traidores“ ou “inimigos do povo“, e várias outras categorias de mortes noutros locais e chegamos a um total de mais de 9 milhões de pessoas mortas. Se incluirmos aqueles que foram libertados do Gulag mas que morreram depois de problemas de saúde causados pela sua prisão, então o número e leva-se ainda mais, para cima de 13 milhões.
Como se compara ao certo Hitler? Como é bem sabido cerca de 6 milhões de judeus pereceram no holocausto, a maioria deles de nacionalidade Bolatti placa ou Soviética. Quase 2 milhões de polacos não judeus também morreram em consequência da ocupação nazi - o número que nunca teve a divulgação que devia ter. Além disso, os nazis planearam matar dezenas de milhões de cidadãos soviéticos- a maioria deles não judeus - ao abrigo do plano de ocupação. Quantos verdadeiramente mataram é muito difícil de gerir mas mais de 7 milhões de não combatentes morreram em território soviético em consequência direta de violência infligida sobre eles pelas forças alemãs, e destes mais de 2 milhões eram judeus (Número que faz parte da estimativa de 6 milhões). A este número devem ser acrescentados pelo menos 200.000 sinti e Roma, e todos os outros civis de vários outros grupos perseguidos e mortos por todo império nazi em campos de concentração e noutros locais. Isto dá-nos um total de cerca de 14 milhões de não combatentes que pareceram sobre os nazis.” pgs539-540

 

 

Andar passo a passo, a caminho do Cabo da Boa Esperança.

Avatar do autor julmar, 21.03.22

Mapa da África - Continente e Países Africanos

Entre os muitos serviços que o meu iphone me presta consta o registo dos meus passos. Feitas as contas nos 6 anos desta conta perfaz um total de 20294 Km. O ano de 2022 corre, nesta data, com média de 9km/dia. A minha primeira viagem foi de Gaia até Moscovo e, recusando-me a prosseguir Sibéria fora, com medo do gelo, da solidão e de vias ínvias, desci a caminho da Turquia, bordejei o mar negro e segui a rota da seda pela Arménia, Irão, Afeganistão, Paquistão, Índia até Katmandu, no Nepal, aos pés do Tibete. Sem o saber, só agora me dou conta que a foia geografia que me impediu de prosseguir pelo gelo da Sibéria  dentro e foi a cordilheira dos Himalaias que me fez parar. Um percurso de 13 621Km, concluído em 21-09-2019. A segunda viagem começou em Alexandria e correu margens do Nilo acima. Estou próximo do norte da África do Sul, a caminho do Cabo que foi das Tormentas e passou a Cabo da Boa Esperança. Quando terminar terei corrido esse continente, onde nasceu a humanidade, de Norte a Sul. Que a força, a coragem e a persistência me acompanhem.

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Diz-me o que lês ...

Avatar do autor julmar, 16.03.22

O que cada um é também se poderia avaliar com perguntas como: Diz-me o que lês, porque lês, para que lês, como lês, quanto lês. Sem responder a essas perguntas, devo confessar que passo mais tempo a ler do que a conversar, se bem que, para mim, ler é sempre uma conversa com alguém, a maior parte deles já falecidos. Tenho, assim, a desvantagem de não lhes poder fazer perguntas sobre o que dizem mas tenho a vantagem de poder voltar a ler sem lhes pedir para repetir. Tenho a vantagem de desligar da conversa se a mesma me não interessa, sem ofensa. Tenho a vantagem de não aturar conversas da treta.Tenho a liberdade de escolher os meus interlocutores entre vivos e defuntos. É verdade que alguns deles, enquanto estudante, me foram impostos, na forma de 'textos seletos' em antologias literárias, como aquele que ali está a acenar na terceira prateleira da terceira estante, de título 'Alma Pátria, Pátria Alma'. Até estes me foram úteis porque, quando nos ensinam a ler, quando nos abrem os olhos, não conseguem mais controlar o nosso olhar ... a menos que a obediência se tenha tornado a virtude principal. 

Assim, vou fazendo viagem e nela fazendo amigos como, neste caso, A.C. Grayling que dedica este livro: "Para os estudantes, professores e funcionários que fundaram o New College Humanities, e para todos os que dão continuidade ao seu legado: Animi Cultura Gaudere."

Contudo tenha cuidado com o que lê, tenha critério, aprenda como distinguir a verdade da falsidade. Não se deixe enganar. Grayling ajuda-o.

" ... é importante que compreendamos como conhecemos. Quando vemos como se adquire conhecimento científico histórico, os problemas que são superados ao adquiri-lo, e as questões que se levantam quanto aos pressupostos desenvolvidos, não só aprendemos a avaliar o que sabemos, também aprendemos acerca do que é o pensamento responsável  acerca das exigências da honestidade intelectual. Estas coisas são importantes em todas as esferas da atividade humana, e são de imenso valor. As artes da persuasão, do redirecionamento da atenção, ampliação e encobrimento dos factos, da influência e manipulação da opinião , são lugares comuns por todo lado  - política a publicidade - e todas dependem da verdade, de que Bertrand Russell observou , “a maior parte das pessoas prefere morrer em vez de pensar, e é isso mesmo que  lhes acontece”. Pois, ai de nós!, persuasão e a manipulação são feitas de modo a parecer que importam muito mais do que o esforço para ser verídico. Consequentemente, saber o que sabemos, e como sabemos, serve de imenso retificador face às realidades virtuais e às semi-realidades que estão continuamente a ser agitadas à frente dos nossos olhos por causas e entidades tendenciosas que querem vender- nos qualquer coisa, uma ideia, uma política, uma mentira“ página 33 

Tempo de guerra

Avatar do autor julmar, 03.03.22

A raiva e a ira desempenhou um papel importante para resistirmos e vencermos como espécie. A cultura ensinou-nos as boas maneiras, a diplomacia, a contenção e a compaixão. Enfim, tornámo-nos civilizados. Uma conquista de que nos orgulhamos como ser humanos. E se, de repente, o ditador se esquece e solta todo o furor sobre nós?

Bem nos lenbrava José Mário Branco,

A cantiga é uma arma
E eu não sabia
Tudo depende da bala
E da pontaria
Tudo depende da raiva
E da alegria
A cantiga é uma arma
De pontaria
 
E também o meu poeta preferido, António Gedeão, que assim termina o poema Amor sem tréguas, 
Que o ódio, infelizmente
quando o clima é de horror
é forma inteligente 
de se morrer de amor