Em memória do meu Pitagórico
julmar, 28.02.21
Hoje deu-me para revisitar o meu primeiro blog, O Pitagórico. Gostei de me passear por lá como quem passeia por um mundo que sentiu, interpretou e viveu e de reencontar personagens como o Amora da Silva, o Afonso Leonardo, O Luís Leonardo, o Borregana, o Zé Vicente, amigos que fiz e me fizeram. E, num louvor ao trabalho artesanal de Bachelard, acabei por descobrir a razão de virem a surgir no Badameco os meus estimáveis amigos Hortêncio e Julião.
(Postado no Pitagórico em 13deDezembro de 2004):
Creio que quem nunca trabalhou com as mãos nunca chegou a compreender o mundo, ou compreendê-lo-à de forma muito imperfeita. Ter a experiência de transformar uma matéria informe num produto é ter a experiência concreta da criação. Daí o encanto do trabalho do artesão.
«Tendo na mão uma matéria mole, pode-se parar de amassar. Diante de uma matéria dura é preciso continuar a agir. O sonhador da força não pode jamais se demitir. Esse rochedo que o homem ajeita fornece, desde o primeiro traço do gravador, a certeza de uma coragem que persiste. E a gravura diz tudo: o ferreiro que afia os utensílios, o empregado que carrega os fardos e a mulher que olha ... Sem um olhar de mulher, o que vale o esforço de um homem?»
In, O Direito de Sohar - Gaston Bachelard