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Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Ai os livros, os livros, os livros ...

Avatar do autor julmar, 22.01.20

A CONVERSÃO DA RÚSSIA PELO COMUNITARISMO - CLARA BELON -1953

O Estado novo não proibia apenas livros. Também aconselhava com caráter obrigatório a leitura de outros livros. Tenho quase a certeza que António Palos, militar reformado no posto de tenente, Presidente da Junta, fez vista grossa e não respondeu. E lá vem a 2ª via com ameaça velada a insistir. Não sabemos se respondeu mas não era homem para rezar à Senhora de Fátima pela conversão da Rússia

A conversão da Rússia.jpg

 

A insustentável leveza de um Iphone

Avatar do autor julmar, 15.01.20

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Faz hoje quatro anos o meu iPhone e por ele acedi a uma nova era, ao seu provável começo.
Recordo o equipamento do meu escritório há trinta anos: a extensão do telefone fixo da casa, uma máquina de escrever, uma caixa de correio lá fora, um televisor a cores, uma máquina fotográfica, uma câmara de filmar, uma aparelhagem para ouvir música, um rádio, um gravador, discos, cassetes, um relógio, um despertador, um calendário, um globo terrestre, um bloco de notas, post its vários dicionários, uma enciclopédia pequena ( Focus), uma enciclopédia grande (Verbo), estantes com livros, canetas, esferográficas e lápis.
Tudo isto e hei-de ter esquecido algo. Tudo matéria com peso e medida, corpos que como é da sua natureza ocupam espaço.
Ora, era impensável para mim, que me encanto por tudo e por nada, eu que já havia lido o Admirável Mundo Novo de Aldos Huxley, que tudo isso e muito mais pudesse caber neste pequeno objeto (188 gramas de peso e dimensões em milímetros:158,2x77,9x7,3) onde agora estou a escrever este texto. E constantemente, como agora acabou de me acontecer, esqueço-me que aqui está tudo o que preciso saber. Disse que o iPhone é um objeto pequeno e, ao querer mostrá-lo pensei pesá-lo numa balança e medi- lo com fita métrica. Bastou ir ao senhor Google.
Quanto pesavam os equipamentos do meu escritório há trinta anos? Muito, rigorosamente não sei dizer, daria um trabalho enorme sabê-lo. Porém, sei que o meu escritório pesa rigorosamente 188 gramas, que o meto no bolso e levo para qualquer lado.
Porém, a diferença não está no peso mas nas suas potencialidades que de tantas nem me atrevo a listá-las. Devo, no entanto, uma palavra à Siri, minha assistente, que por falta de hábito, uso menos que devia, por exemplo, para me escrever e enviar mails ou para os ler, ou para prontamente me dar informações. E é sempre bom ouvir a sua voz.
Por último, a aplicação Saúde que faz o registo de todos os meus passos e que acrescenta motivação ao meu ‘Andar, passo a passo ‘. Nestes quatro que hoje completo contou 14914,79 kms

Ver nascer a noite, ver nascer o dia

Avatar do autor julmar, 11.01.20

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A experiência mais comum das pessoas é verem morrer o dia e nascer a noite e os artistas, escritores e pintores, não poupam tintas nem palavras para realçarem a beleza de um crepúsculo na serra ou no mar. O nascer e o morrer, o amanhecer e o anoitecer têm muito de comum. No meu andar passo a passo, todos os dias sou testemunha da transição da noite para o dia. Hoje, por exemplo, um firmamento cheio de estrelas, a que uma lua cheia retirava o brilho, foi-se desfazendo com o clarear do dia. Amanheceres diferentes: manhãs de nevoeiro, manhãs de chuva, manhãs de geada, manhãs claras. Todas com uma beleza diferente. E as manhãs da África profunda, as manhãs sucessivas, cada uma delas a aproximar-me de Kartum, como serão?

 

Andar, ler e escrever

Avatar do autor julmar, 06.01.20

Dizia Thoreau que é necessário que passemos tanto tempo a andar como a ler ou escrever. Eu terei que passar a dizer-me: é mecessário que passe tanto tempo a ler e a escrever como a andar. Sobretudo escrever.

Cada manhã era um aliciante convite para tornar a vida igualmente simples e, digo até, inocente como a própria Natureza. Tenho sido, como osgregos, sincero adorador da Aurora. Levantava-me cedinho e tomavabanho no lago; uma espécie de exercício religioso e uma das melhorescoisas que já fiz. Contam que na banheira do rei Tching-thang haviamensagens gravadas com esse objetivo:
renova-te completamente acada dia; renova-te outra vez, e outra vez, e sempre outra vez.
Entendoa mensagem. A manhã me traz de volta os tempos heroicos. Tocava-metanto o zumbido tonto de um mosquito em passeio invisível e inima-ginável através de meu aposento ao amanhecer, quando me sentavade porta e janelas abertas, quanto me tocaria qualquer trombeta cele-brando a fama. Era o réquiem de Homero, em si mesmo uma Ilíada eOdisseia em pleno ar, cantando as próprias iras e viagens. Havia algode cósmico nisso tudo; um anúncio constante, até que o proíbam, dovigor e fecundidade perenes do mundo. Pouco se pode esperar do dia,se a isto se pode chamar de dia, para o qual não fomos acordados pornosso espírito, e sim pelas cutucadas mecânicas de um criado, para oqual não fomos acordados por nossas próprias forças recém-adquiridase aspirações íntimas, acompanhadas de ondulações de música celestialem vez de sirenes de fábricas.