2020, um ano próspero e feliz
julmar, 05.01.21
Eu compreendo que pode ser inconveniente, pouco sensato, algo incómodo, até afrontoso proclamar o ano de 2020 um ano próspero e feliz, do ponto de vista pessoal. Sem que me considere um misantropo, não estou muito dependente do convívio social e os confinamentos impostos não me molestaram, antes me alargaram o tempo para ler e escrever e me incentivaram à remodelação completa do jardim, à transformação de uma parte do mesmo em horta, à repintura completa de um apartamento e da casa que habito. Alguém disse que um especialista é alguém que sabe cada vez mais sobre cada vez menos. Pois eu, talvez por ser filósofo praticante, sinto que sei menos sobre cada vez mais e sinto uma leve tristeza por não ter tempo para aprender e fazer outras coisas. Gosto do trabalho manual que, ao contrário do trabalho intelectual, se manifesta imediatamente como real, como um presente que se abre perante o olhar. Assim, gastei o tempo disputado entre leitura e escrita e jardinagem/horticultura e bricolage. Com o tempo a correr depressa demais, o dia que se acaba, o mês que termina e o ano que está preso por arames que,não tarda, partirá. E, apesar de tanta coisa feita, tanto que ficou por fazer.