As portas que Abril abriu
julmar, 25.04.16
Nem água, nem luz, nem saneamento, nem estrada. Este era o retrato de muitas aldeias de Portugal. Da minha aldeia natal também.
Comecei a dar aulas de Português (na Escola Técnica) e História (no Liceu) em outubro de 1973.
24 de Abril de 1974, deitei-me passava da meia noite, ouvi a canção "E Depois do Adeus" de Paulo de Carvalho ... e gostei de ouvir.
A partir do dia seguinte tudo era diferente e como no poema de Vinicius de Morais o "operário em construção", também eu cresci:
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Farto e refarto da bolororenta escolástica, leio e discuto textos de Marx, de Mao e, claro de W. Reich. E porque a revolução era levada a sério, havia era que meter as mãos na massa dando cumprimento ao pensamento de Marx:
Até hoje os filósofos interpretaram o mundo de diversas maneiras; ora, o importante é transformá-lo
E lá estou eu, em tempo de férias, em campanha de alfabetização com os mais velhos e em atividades com estas crianças.
Muita inocência, muita ingenuidade mas não trocaria estes tempos por nada.