Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Considerações sobre formação de professores e aprendizagem

Avatar do autor julmar, 10.12.12

Texto dos primeiros anos deste século quando da Europa chegava dinheiro a rodos. O importante era gastar dinheiro, era chamada execução física.
"... mas é que ninguém pode conhecer tão bem uma coisa e fazê-la
sua quando a aprende de um outro como quando a inventa ele
próprio. Nesta matéria, é isto tão verdadeiro que, apesar de muitas
vezes eu ter explicado algumas das minhas opiniões a pessoas de
muito bom engenho e de parecerem, enquanto eu lhes falava,
entendê-las muito distintamente, todavia, repetindo-as, notei que as
mudaram quase sempre de tal sorte que já não podia reconhecê-las
como minhas"
Descartes, Discurso do Método

Num tempo em que tudo corre desenfreadamente à compra, a preços vários, de "acções" de formação, se vai a seminários, jornadas, palestras, workshops para coleccionar papel certificando presença ou participação, se trabalha para o currículo, seria oportuno lembrar que o crescimento rápido e a engorda acelerada, tal como acontece no reino zoológico dos galináceos e de outros espécimes comestíveis, produzem uma qualidade de nível inferior com problemas para a própria saúde. É, penso, um dos definidores da aprendizagem a de que a mesma consiste numa aquisição ou mudança de comportamento ou de atitude, de uma forma duradoura. Ora, tal mudança estabilizada há-de, por força, levar tempo e no tempo que vivemos, solicitados por tanta diversão, torna-se difícil aceder da fluência da informação factual à formação reflectida. Num tempo, em que o tempo válido é o que é convertível em dinheiro e tudo por ele é mensurável; em que se privilegiam as culturas de crescimento rápido, seria ardentemente desejável que no concernente aos jovens e seus educadores, a lógica fosse bem outra. Dê-se tempo a todos, pois como reza o provérbio: "O tempo é que amadura a fruta". Aquilo que se aprende muito depressa ou não tem interesse ou se aprendeu mal. Por isso, as acções de formação intensivas deveriam ser desaconselhadas, pois, constituem um paradoxo. Nenhuma outra classe profissional sabe tanto de formação, de aprendizagem como os professores. Não sabem apenas Geometria, História, Desenho mas sabem como levar os outros a esse saber.
Assim, a formaçaõ só faz sentido como auto-formação. Parece certo que quanto mais elevada é a formação de um indivíduo maior é a sua capacidade de auto-formação. Ora, sendo os professores indivíduos de alta formação é também alta a sua capacidade de se organizarem com vista à formação. Nisso há-de consistir o papel dos CFAEs como geradores e gestores de recursos, aglutinadores de interesses e objectivos, incentivando os professores à organizarem-se em grupos, por áreas de formação e de acordo com as suas necessidades. È necessário que cada escola debata as suas principais dificuldades e de que modo a formação pode ajudar a resolvê-las. Sò assim se evitará que os Centros apresentem um menu de acções que mais dão créditos do que crédito, que mais se movem por razões administrativas do que por razões pedagógicas.
Quem se der ao trabalho de consultar os mapas de acções de Formação para professores, por esse país fora, facilmente constata que a grande maioria (quase a totalidade) se processa na modalidade de Curso de Formação em detrimento de outras modalidades (Seminários, Circulos de Estudo, Oficinas, Projectos, Estágios) o que traduz uma filosofia que transporta para a formação o modelo da relação na sala de aula professor - aluno. É a forma mais fácil de organizar a formação e a mais ineficaz em termos de resultados. A formação na modalidade de Curso ( até pela quantidade de formandos que exige quando comparada com as outras modalidades), pese embora toda a boa vontade e esforço dos formadores, conduz a que o professor-formando encarne o papel de aluno e se comporte como tal. Inevitavelmente se coloca a tónica no domínio cognitivo quando, de facto, o domínio das atitudes, dos valores e da reflexão, a partilha de experiências e problemas é que deveriam constituir o núcleo da formação. A Formação na modalidade de curso beneficia da inércia da forma organizacional das escolas, e é muito mais consonante com a passividade e com o domínio massivo e quantitativo em que vivemos. Quando se aprende isto ou aquilo, aprende-se sempre alguma coisa além disso e que acaba por ser aquilo que é mais essencial. Tal como lemos no belo poema de Vinicius de Morais " O Operário em Construção": " Pois, para além do que sabia,/ Exercer a profissão/ O operário adquiriu uma nova dimensão/ A dimensão da poesia". Quem adquire o domínio de uma técnica, adquire um domínio mais importante que é o domínio sobre si mesmo e acede, assim às formas superiores de aprendizagem ou seja aprender a aprender que o mesmo é dizer aprende a ser humano, humano errante. É essa a grande descoberta há muito feita por povos orientais. É essa a mensagem de Sócrates, de Platão, de Kant, de Nietzsche e a que a nossa própria reflexão nos conduz. É deste tipo a aprendizagem autêntica, uma aprendizagem de nível superior - como diria Platão - a suprema das aprendizagens.
É necessário não perder de vista o essencial da educação, como nos lembra Delfim Santos :"O problema da educação, no seu aspecto, ideal, interessado e sério, pretende (...): que o homem seja o que pode ser.
A técnica de que usa deve apenas servir esta finalidade: auxiliar a descobrir o homem e os seus valores ao próprio homem"
Na verdade, as coisas verdadeiramente importantes da vida têm que ser aprendidas embora não possam ser ensinadas. Podemos ensinar alguém a ler. Mas como ensinar-lhe o gostar de um texto, a tomar-lhe o sabor? Há a leitura necessária e há a leitura inútil. Um ensino do simplesmente útil apenas produz escravos inúteis.
Ora, a aprendizagem da arte do pensar autónomo, implicam uma experienciação, uma tomada de consciência pessoal mediada pelo confronto com o ponto de vista de outrem. Como poderão os prisioneiros agrilhoados, como os da alegoria da caverna de Platão, libertarem-se? Não será, certamente, treinando as técnicas de observação que só lhes permitiriam conhecer melhor as sombras; talvez, o desvio do olhar suscite a dúvida, conduza à interrogação e promova a procura. Com todos os riscos inerentes ao desvio. Os outros criticarão Fernão Capelo Gaivota, defendendo que o importante é procurar comida e não voar. E tal não se pode ensinar, podendo-se, no entanto aprender. Qual, então, o papel do professor? Ensinar. Ensinar como um mestre. Alguém que ensina o que não está nos livros, que além da especialidade veicula algo mais: a vontade de comunicar, o prazer no que faz, a coragem de pensar, a disponibilidade e abertura ao outro, o fazer diferente em cada ano que passa, o prazer da partilha. Ensina-se sempre mais do que se ensina. Este acréscimo é o que designamos como cultura, " aquilo que ficou quando se esqueceu tudo o resto". A aprendizagem autêntica pressupõe como essencial o esquecer informações, matérias, conteúdos, factos, acontecimentos; o que de importante deve ficar são as regras, os princípios, as formas; as estratégias de resolução de problemas. Penso que era isso que Montaigne pretendia dizer quando afirmava preferir uma cabeça bem feita a uma cabeça cheia de coisas; será o mesmo que distingue uma cultura enciclopédica de uma cultura crítica ou filosófica: aquela é mais verbal do que escrita, fala mais do que ouve, é precipitada e irreflectida; a genuína cultura é humilde e atenta porque é caminho que se faz sujeito ao desvio (sair da via), ao errare.
O fim último do ensino é esta aprendizagem: o aprender outra coisa além do que se aprende e esta outra coisa é o aprender a ser, o aprender do poder, isto é, da competência. Entre outras coisa foi isto que a linguística nos ensinou.
No sentido linguístico, competência é poder a partir de um número reduzido de regras, formar e compreender um número indefinido de novas frases de um modo correcto. Como diz Chomsky " o locutor sabe muitas coisas que nunca aprendeu"; na gíria, dir-se-á que “sabe mais do que eu lhe ensinei”. É por isso que não se pode ensinar tudo, mas pode-se aprender indefinidamente. O fim do ensino é a competência, embora paradoxalmente ela não possa ser ensinada.
Quando, mais acima, falava sobre a importância das atitudes e dos valores ocorria-me a importância que é grande e tenderá a ser maior. Com efeito, os problemas mais importantes com que a humanidade se defronta não demandam de uma resposta científica ou técnica mas sim filosófica. Coménio, no alvorecer da ciência e da técnica modernas, quando nasciam as sementes do iluminismo e a fé desmedida no poder da ciência, alertava-nos ( nessa excelente obra, Didáctica Magna, em que pensa, dentro do espírito cartesiano, ser possível um método universal de ensinar tudo a todos, mesmo às mulheres!):"Quem progride na ciência e regride na moral anda mais para trás do que para a frente" e "A instrução infundida num homem sem virtude é um colar de oiro colocado no focinho de um porco"; O decurso dos tempos deu-lhe inteira razão. De igual modo, nos alertara Montaigne para o facto de que "A Ciência sem consciência é a ruína da alma".
Numa época diferente em que o problema do homem é saber o que fazer com o saber, Léon Le Carré, em A Casa da Rússia, traduz assim este problema:
"- Mas você também é um perito, não é Goethe?
-Por isso mesmo sei o que digo! Os peritos não passam de uns viciados. Não resolvem nada! São os lacaios de qualquer sistema que os contrate. Perpetuam esse sistema. Quando somos torturados, são peritos que nos torturam. Quando o mundo for destruído, não serão loucos a destruí-lo, mas sim perfeitos sãos loucos a destruí-lo, mas sim peritos perfeitamente sãos e burocratas perfeitamente ignorantes".
Júlio Marques
In, Boletim Centro de Formação Gaia Nascente

Teoria e prática na formação de professores . Formigas, aranhas e abelhas

Avatar do autor julmar, 10.12.12

(artigo publicado no Boletim do CFAE Gaia Nascente)

Os filósofos que se meteram a tratar das ciências dividiram-se em duas classes: os empíricos e os dogmáticos. O empírico semelhante à formiga, contenta-se em juntar e consumir em seguida provisões. O dogmático, tal como a aranha, urde teias cuja matéria é extraída da sua própria substância. A abelha conserva o primeiro termo; extrai a matéria das flores dos campos e dos jardins; depois, por meio de uma arte que lhe é própria, trabalha-a e digere-a. A verdadeira filosofia faz qualquer coisa de semelhante.
Novum Organon – F. Bacon


As reflexões que se seguem são-me suscitadas pelas críticas mais frequentes que os formandos fazem em relação ás acções de formação. E todas as críticas representam o ponto de vista do sujeito que as enuncia. A mais comum de todas, referida de formas diversas, é a que refere o carácter excessivamente teórico e pouco prático das mesmas. Sendo razoáveis tais críticas nem sempre são racionais e não se entende muito bem como se deixam conduzir por caminhos que não querem.
É velho, muito velho o conflito entre os teóricos e os práticos e há muito se sabe da sua indissolúvel relação dialéctica. A prática sem a teoria é cega e a teoria sem a prática é inútil. A relação entre o pensamento e a acção constitui um tema essencial do campo educativo.
O que os práticos reclamam é um estatuto de operários executores de receitas que outros lhe forneçam; eles não têm que entender a realidade, outros que a entendam, que a simplifiquem de modo a que eles não tenham que perder tempo a pensar. No campo educativo onde se colocam tantas questões, muitas delas de carácter ético, não se lhe coloca problema nenhum. A eles não lhes interessa fazer perguntas; eles não entendem que a realidade é complexa, o que querem é executar; eles não entendem que possa haver muitos caminhos; eles não sabem que há muitas direcções e é preciso escolher uma; o que querem é andar não interessa para onde.
Em relação à formação a sua palavra de ordem é : Deixem-se de teorias! O que é preciso é resolver os problemas da vida real; Há muitos anos que trabalho nisto, ninguém me venha dizer como é que se faz!
De uma forma simples, onde há pensamento há teoria e as mais simples acções humanas são presididas por teorias. Imaginemos um acto simples(?) de um professor que colocou um aluno fora da sala de aula ( ou que o põe na rua – diferença de linguagem ou ponto de vista?) e pergunte-se-lhe sobre a razão do acto e ver-se-á como de facto ele usou uma teoria; pergunte-se ao mesmo professor por que razão marca TPC e ver-se-á que tem uma teoria; pergunte-se ao mesmo professor por que está a frequentar uma acção de formação e ver-se-á que ele continua a ter uma teoria; o que de facto ele faz é usar modelos (ou teorias) que aprendeu de uma maneira empírica e sobre os quais nunca reflectiu. Usa teorias espontâneas ou implícitas que por serem tão comuns lhe parecem ter um carácter natural de valor inquestionável `a semelhança da física aristotélica que embora falsa é bela e muito nos convém no dia a dia( pois, não é verdade que os corpos caem tanto mais depressa quanto mais pesados são!?; e o sistema geocêntrico não nos continuam a ser muito mais cómodos do que qualquer outro!? )
O trabalho do professor exige-lhe que continuamente tome decisões e só as pode tomar baseado em teorias pois, para citar, quiçá, o maior teórico do nosso tempo, Einstein – É a teoria que decide o que observar.
Kant, no século XVIII, censurou a pior das teorias – a de que a teoria não serve para nada:
« Ninguém, portanto, pode passar por versado na prática de uma ciência e, no entanto, desprezar a teoria sem mostrar que é ignorante no seu ramo: pois crê poder avançar mais do que lhe permite a teoria, mediante tacteios em tentativas e experiências , sem reunir certos princípios ( que constituem propriamente o que se chama teoria) e sem formar para si, a propósito da sua ocupação, uma totalidade.
No entanto, há que tolerar ainda mais que um ignorante apresente na sua pretensa prática a teoria como inútil e supérflua do que ver um espertalhão admitir que ela é valiosa para a escola ( afim de certamente exercitar a sua cabeça), mas afirmar ao mesmo tempo que na prática o não é; que ao sair da escola para o mundo se apercebe de ter andado atrás de ideias vazias e de sonhos filosóficos; numa palavra, que o que é plausível na teoria não tem valor nenhum na prática. »
In, A Paz Perpétua e outros Opúsculos
A formação não pode consistir em meros exercícios de aprendizagens de teorias suportadas em compêndios, fotocópias, acetatos que dizem como se deve ensinar ou como se deve aprender. A formação partindo da experiência ( e dos problemas se os houver) deve reflectir sobre ela e assim promover a substituição de teorias implícitas por teorias explícitas. Isto conduzirá ao confronto entre as teorias e práticas educativas. Para isso o professor terá de ter vagar e disposição. As grandes teorias - e as nossas pequenas teorias - parecem ser filhas da ociosidade : Tales olhando , distraído, para o céu cai num poço; diz-se que a ideia da gravidade terá surgido a Newton quando descansava debaixo de uma macieira e lhe caiu uma maçã em cima ; Descartes conta-nos que o seu projecto de uma ciência universal lhe surgiu quando liberto de cuidados ou paixões passava o dia inteiro fechado no quarto diante de um fogão, livremente dado a seus pensamentos; parece, ainda que foi a olhar para o céu que o homem descobriu a terra; finalmente, tendemos a esquecer que as coisas mais importantes da vida as aprendemos a brincar. Ora, a formação terá de constituir um espaço e um tempo que distanciado do espaço e tempo escola permita sem a urgência da necessidade prática um olhar distante condição de descentração, de reflexão, de conhecimento, de teoria . A identidade profissional, a valorização do professor passa pela sua razão de ser, de saber e de fazer. A sua autonomia funda-se em saber o que faz e porque o faz .
Esse tempo e espaço onde decorre a formação deve ser um lugar de encontro. Encontro de profissionais que pertencentes a níveis diferentes de ensino, com diferentes formações académicas, provenientes de diferentes escolas têm diferentes experiências e diferentes pontos de vista (diferentes teorias) têm aqui a oportunidade de partilharem tudo isso. E todos sabemos como é solitário o trabalho dos professores independentemente da sua escola ter muitos ou poucos professores. E todos sabemos como se pode estar e fazer reuniões de grupo de conselho de turma e outras sem que cada um saia da sua solidão, sem que haja partilha.
Toda a formação só faz sentido como autoformação, atendendo a que se trata de pessoas adultas com elevado nível cultural, com experiência profissional e com continuado desejo de aprender. E tal como não se pode obrigar os alunos a aprender (ainda que estejam na escolaridade obrigatória) o mesmo é verdade na formação de professores (ainda que a formação seja obrigatória). Mas neste domínio como noutros quem mais tem mais necessidade sente: Os alunos que menos precisam de estudar são, quase sempre, os que mais estudam e os encarregados que menos precisam de vir à escola são os que mais aparecem. Alguém disse que a formação começou por ser reivindicada como um direito, se transformou num dever e é suportada como um castigo. Como é difícil passar do reino da necessidade para o reino da liberdade!
As escolas são locais de trabalho e de um trabalho de características especiais. Trabalho de alunos e professores e que como todo o trabalho tem de resultar em produto. E esse produto tem de resultar numa cultura científica que nos leva a uma compreensão dos fenómenos que ultrapasse o mero senso comum. Tal exige dos professores uma atitude científica, uma atitude filosófica, uma atitude artística, se entendermos que é nesta tríade que o homem se realiza
Só faz sentido para o professor a rejeição do estatuto de (mero) funcionário se se assumir não apenas como um executor mas como um planificador, que traça objectivos e escolhe os meios mais eficazes de os atingir e que para o conseguir precisa de uma sólida formação de base bem como uma actualização contínua dadas as mudanças dos públicos que serve e dos conhecimentos que transmite.
Se em nenhum campo é produtiva a separação teoria - prática, no campo da formação/educação tal separação é uma monstruosidade. Cada professor tem descobrir a sua própria luz. Pequena que seja a luz que durante o dia não se vê dá-nos muito jeito durante a noite e a noite às vezes é muito longa. Então, venham os grandes iluminados, os grandes reformadores, os que nos dizem que tudo está a mudar e que precisamos de dar cambalhotas para acompanhar a mudança. Quando a luz deles passar a nossa continuará a iluminar e saberemos que caminho seguir. Mas então não peçamos receitas. Aprendamos artisticamente a encontrar os sabores dos saberes e os saberes dos sabores. Nem formigas, nem aranhas: sejamos abelhas. E entendamos a mensagem de Almada Negreiros:
«E de que serve o livro e a ciência, se a experiência da vida é que faz compreender o livro e a ciência?»

Júlio Silva Marques – Professor de Filosofia

O Estado a que chegámos

Avatar do autor julmar, 06.12.12

Pensionistas também recebem subsídio de Natal em duodécimos (DE)
O secretário de Estado da Administração Pública, Hélder Rosalino, à saída de uma reunião com os sindicatos da Função Pública, disse que todos os pensionistas, sejam eles da Caixa Geral de Aposentações ou da Segurança Social, recebem em 2013 o subsídio de Natal em duodécimos.
Era suposto estes senhores, pela ideologia que perfilham, quisessem menos Estado e mais autonomia para os cidadãos. Mas não. Dada a infantilidade dos cidadãos em geral e dos pensionistas em particular, consideram que o melhor é serem eles a administrar a bolsa de cada um. Não vão para aí gastá-lo todo de uma só vez.
Que nos retirem dinheiro éstá mal. Que queiram aministrar o pouco que temos, varre de vez a nossa dignidade.

A retórica na educação

Avatar do autor julmar, 06.12.12

«A relação Educativa no seio das famílias:Desafios, exigências e armadilhas»
Um belo título de uma conferência a realizar na EB2,3 Soares dos Reis em Vila NOva de Gaia, suponho que por iniciativa da Associação de Pais do agrupamento de escolas. Conferencista, o professor Rui Trindade. Hora de início 9,30.
Eu que me reformei da profissão de professor em Janeiro passado continuo em serviço como cidadão, procurando continuar a aprender as melhores formas de educar. E porque já ouvira o conferencista no passado, tinha quase como garantido que não perderia o meu tempo. É verdade que já da última vez chegara atrasado. Porém, desta vez consegui esperar setenta e cinco minutos, isto é, até às 10.45 minutos. Saí porque ainda não tinha chegado.
Estas são as armadilhas a que nenhuma educação, por mais interessantes conferências e discursos que se façam, que minam a educação, que minam o país.
E fiquei triste.

Avaliação dos Professores - Afonso Leonardo

Avatar do autor julmar, 04.12.12

A maior manifestação de um grupo profissional feita em Portugal, foi a dos professores no primeiro governo de José Sócrates, sendo ministra da educação Maria de Lurdes Rodrigues. Ao grande comandante Mário Nogueira, juntou-se na altura o PSD no combate por uma outra avaliação. Qualquer que seja o modelo de avaliação proposto, os sindicatos hão-de querer sempre um outro modelo que, no limite, se reduza a um relatório de autoavaliação. Hão-de faltar sempre condições, instrumentos, formação. E dinheiro também. E continuaremos na mediocracia com um ensino cada vez pior em termos quantitativos e qualitativos. Todo o trabalho que se vinha fazendo na melhoria da qualificação dos portugueses (Novas Oportunidades, Investigação ...) foi destruído em troco de coisa nenhuma.
Iremos continuar sem avaliação durante largos anos. Os custos são incalculáveis. Sem bons professores não há boa educação e ensino. Sem avaliação teremos apenas professores medíocres. Porque não havendo avaliação o que compensa é ser medíocre.
Há mais de um ano que foi assinado um acordo entre o Ministério da Educação e sete sindicatos ( a Fenprof ficou de fora) sobre o modelo de avaliação. Passado um ano e três meses a Direção Geral mandou às escolas uma nota a esclarecer que os professores que precisem de aulas assistidas, para obter a classificação de "excelente" podem pedi-las até ao fim do ano, mas que podem realizá-las só no ano letivo de 2013-2014. O ministério compromete-se ainda a garantir a formação de avaliadores e a definção de critérios homogéneos para a maneira como classificam as aulas a que assistem.
Então, durante este tempo não fizeram o trabalho e vêm agora dizer que o vão fazer? Então, os Centros de Formação de professores servem para quê? E os partidos da oposição, também não fazem o seu trabalho?
Porque as pessoas que trabalham nos serviços do Ministério (que presumo também não são avaliadas)não são exigentes consigo também, por coerência, não são exigentes para com os professores. No fim da cadeia os alunos são avaliados e os resultados são o que se sabe.

Pág. 2/2