Neste final de ano 2012 Cresci tanto dentro de mim Que me derramo em graça E das muitas graças que recebi Me apraz assim agradecer
À família, de quem recebo mais do que dou Nos cuidados do corpo e no alento da alma Aos autores dos livros que li e me ensinaram Das músicas que ouvi e me deleitaram Dos filmes que vi e me apaixonaram E aos amigos em geral E aos começados por A, em particular Que seria de mim sem vós? Vos estis salis terrae Também aos amigos do facebook tão generosos em conselhos Aos amigos reformados que semanalmente comigo se sentam à mesa À Lurdes Tonta que me ajuda a ver a tontice do mundo Ao Manuel de Oliveira que me lembra que é possível trabalhar aos 104 anos Aos meus médicos que me concertam as maleitas Ao Zé que me deu oportunidade de aprender um pouco sobre morrer À empregada do super, atenciosa e gracejante Ao desconhecido que em Sens me orienta em terras gaulesas Aos companheiros de caminhadas pedestres Aos vizinhos atentos aos meus pequenos descuidos Ao meu cão que todas as manhãs espera não sei se a mim se ao pão Aos cientistas da NASA que colocaram o Curiosity em Marte Ao Adelino Cunha pela motivação para a excelência A todos os que fizeram a I Feira de Talentos A todos que em gesto e olhar aprovaram insignificâncias Aos homens que me abraçaram e apertaram a mão Às mulheres que me beijaram Às cozinheiras que me prepararam comida, aos empregados que ma serviram Aos que tiveram paciência para me ouvir Aos que me quiseram ler e comentar Aos que com mansidão me corrigiram. Aos que me disseram não, contestaram, discordaram A todos os que me tornaram feliz A todos a quem acrescentei valor
Que todos de graça tenham cobertura Para todos coragem e sabedoria na realização dos seus sonhos Para todos paz, saúde, alegria, amor.
"Os professores Achei por muito tempo que ia ser professor. Tinha pensado em livros a vida inteira, era-me imperiosa a dedicação a aprender e não guardava dúvidas acerca da importância de ensinar. Lembrava-me de alguns professores como se fossem família ou amores proibidos. Tive uma professora tão bonita e simpática que me serviu de padrão de felicidade absoluta ao menos entre os meus treze e os quinze anos de idade. A escola, como mundo completo, podia ser esse lugar perfeito... Ver mais de liberdade intelectual, de liberdade superior, onde cada indivíduo se volta a encontrar o seu mais genuíno, honesto, caminho. Os professores são quem ainda pode, por delicado e precioso ofício, tornar-se o caminho das pedras na porcaria de mundo em que o mundo se tem vindo a tornar. Nunca tive exatamente de ensinar ninguém. Orientei uns cursos breves, a muito custo, e tento explicar umas clarividências ao cão que tenho há umas semanas. Sinto-me sempre mais afetivo do que efetivo na passagem do testemunho. Quero muito que o Freud, o meu cão, entenda que estabeleço regras para que tenhamos uma vida melhor, mas não suporto a tristeza dele quando lhe ralho ou o fecho meia hora na marquise. Sei perfeitamente que não tenho pedagogia, não estudei didática, não sou senão um tipo intuitivo e atabalhoado. Mas sei, e disso não tenho dúvida, que há quem saiba transmitir conhecimentos e que transmitir conhecimentos é como criar de novo aquele que os recebe. Os alunos nascem diante dos professores, uma e outra vez. Surgem de dentro de si mesmos a partir do entusiasmo e das palavras dos professores que os transformam em melhores versões. Quantas vezes me senti outro depois de uma aula brilhante. Punha-me a caminho de casa como se tivesse crescido um palmo inteiro durante cinquenta minutos. Como se fosse muito mais gente. Cheio de um orgulho comovido por haver tantos assuntos incríveis para se discutir e por merecer que alguém os discutisse comigo. Houve um dia, numa aula de história do sétimo ano, em que falámos das estátuas da Roma antiga. Respondi à professora, uma gorduchinha toda contente e que me deixava contente também, que eram os olhos que induziam a sensação de vida às figuras de pedra. A senhora regozijou. Disse que eu estava muito certo. Iluminei-me todo, não por ter sido o mais rápido a descortinar aquela solução, mas porque tínhamos visto imagens das estátuas mais deslumbrantes do mundo e eu estava esmagado de beleza. Quando me elogiou a resposta, a minha professora contente apenas me premiou a maravilha que era, na verdade, a capacidade de induzir maravilha que ela própria tinha. Estávamos, naquela sala de aula, ao menos nós os dois, felizes. Profundamente felizes. Talvez estas coisas só tenham uma importância nostálgica do tempo da meninice, mas é verdade que quando estive em Florença me doíam os olhos diante das estátuas que vira em reproduções no sétimo ano da escola. E o meu coração galopava como se estivesse a cumprir uma sedução antiga, um amor que começara muito antigamente, se não inteiramente criado por uma professora, sem dúvida que potenciado e acarinhado por uma professora. Todo o amor que nos oferecem ou potenciam é a mais preciosa dádiva possível. Dá -me isto agora porque me ando a convencer de que temos um governo que odeia o seu próprio povo. E porque me parece que perseguir e tomar os professores como má gente é destruir a nossa própria casa. Os professores são extensões óbvias dos pais, dos encarregados pela educação de algum miúdo, e massacrá-los é como pedir que não sejam capazes de cuidar da maravilha que é a meninice dos nossos miúdos. É como pedir que abdiquem de melhorar os nossos miúdos, que é pior do que nos arrancarem telhas da casa, é pior do que perder a casa, é pior do que comer apenas sopa todos os dias. Estragar os nossos miúdos é o fim do mundo. Estragar os professores, e as escolas, que são fundamentais para melhorarem os nossos miúdos, é o fim do mundo. Nas escolas reside a esperança toda de que, um dia, o mundo seja um condomínio de gente bem formada, apaziguada com a sua condição mortal mas esforçada para se transcender no alcance da felicidade. E a felicidade, disso já sabemos todos, não é individual. É obrigatoriamente uma conquista para um coletivo. Porque sozinhos por natureza andam os destituídos de afeto. As escolas não podem ser transformadas em lugares de guerra. Os professores não podem ser reduzidos a burocratas e não são elásticos. Não é indiferente ensinar vinte ou trinta pessoas ao mesmo tempo. Os alunos não podem abdicar da maravilha nem do entusiasmo do conhecimento. E um país que forma os seus cidadãos e depois os exporta sem piedade e por qualquer preço é um país que enlouqueceu. Um país que não se ocupa com a delicada tarefa de educar, não serve para nada. Está a suicidar-se. Odeia e odeia-se."
«A leitura de todos os bons livros é como uma conversa com os melhores espíritos dos séculos passados, que foram os seus autores, e até uma conversa estudada, em que eles só nos revelam os seus melhores pensamentos». René Descartes, in 'Discurso do Método'
Tudo, quase tudo o que aprendemos, aprendemo-lo com pessoas ou com livros. As pessoas importantes são aquelas que, mesmo que não nos ensinem, nós aprendemos com elas. Tive a felicidade de ao longo da vida ter encontrado pessoas excepcionais com quem aprendi muito. Também no ano que termina houve pessoas e momentos significativos: o orador motivacional Adelino Cunha, o Vitor Furtado com um curso de vendas, um curso de Liderança, um sermão de um padre em dia de festa, uma conversa ocasional com um camionista.
Quanto aos livros, perguntava-me a minha mãe, ao olhar para aquilo que para ela era uma biblioteca: -Tu já leste esses livros todos?
Respondia-lhe, quase sem mentir: - Alguns, mais do que uma vez.
Parafraseando, poderemos afirmar: " Diz-me que livros lês, dir-te-ei quem és"
A companhia este ano foi predominante em relação a vendas (nunca pensei que pudesse aprender tanto) e que desembocou na organização e implementação de uma feira de Talentos. Pensamentos que não conduzam a ações são vãos. E outras leituras são procura de caminhos para a excelência: porquê ser bom se posso ser excelente?
Ao longo do ano li ainda uma pequena biografia de Steve Jobs,e leituras parciais de Heiddegger, Kant, Descartes. De jornais quase só e sempre o Expresso em formato digital, às vezes o Jornal de Notícias impresso. De todas as leituras ficou-me em imagens recorrentes a Visão de Deus de Nicolau de Cusa. A imagem do Ícone.
1 - Como havemos de viver? Peter Singer
2 - Ganhar Dinheiro - como fazer, proteger e multiplicar o seu dinheiro - Mathias Schmelz
3- Manual de Vendas - Hopkins
4- O Livro Secreto de Vendas - Paulo Vilhena
5 - O Rosto e a Personalidade - Morfopsicologia - Julian Garbarre
Há muitos livros, por vezes grandes sucessos, feitos das ideias de um autor, reportando a sua experiência, as suas leituras, as suas reflexões, raramente, contrariando ou corrigindo as ideias feitas ou preconceitos. O importante deste livro é o facto de se basear nos factos, isto é, no caso, quais os factores que levaram a que empresas passassem de boas a ótimas.
Por que vale a pena ler este livro? Por que seria uma pena desconhecer um trabalho tão exaustivo e sério sobre um assunto que interessa a quem quer ser não apenas bom mas excelente.
Uma leitura recomendável para os directores das nossas escolas públicas e privadas.
( texto motivado pela indisposição causada pela leitura de CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO FILOSOFIA 10 ANO 2012-2013) Haverá, certamente, no caminho que conduz um jovem de catorze ou quinze anos à filosofia ( ou ao filosofar) atrativos e dificuldades, riscos a correr, obstáculos a superar. Trata-se, de facto, do início de uma viagem a que todos são convocados devendo valer-se das experiências e conhecimentos adquiridos até então. Essa é a bagagem do viajante. Porque se trata de uma bagagem espiritual - ideias, atitudes, valores, experiências, estratégias, métodos ..., quanto maior, mais ágil torna o seu carregador. Importante é saber que todo o iniciante é capaz de chegar ao fim. Verdade que as paisagens são tão diversificadas que, embora percorrendo o mesmo caminho, no fim a viagem de cada um terá visto coisas diferentes. A preocupação fundamental numa viagem de grupo é que nenhum elemento se perca. Essa é uma responsabilidade de todos e, em particular, do seu guia,o professor. Por isso, às vezes, é preciso diminuir o ritmo da marcha, renunciar a uma colina demasiado abrupta, deixar que uns vão por um lado e outros por outro e fomentar a entreajuda. Em boa verdade, numa viagem assim, vencer sozinho, é uma derrota. A preparação para a viagem é muito importante e o seu êxito, depende em grande parte de como se faz a iniciação. Neste momento só o guia conhece o percurso, os caminhos, veredas, paisagens, fontes, etc. Se é experiente sabe como se pode usufruir ao máximo da viagem com o mínimo de riscos. Será capaz de motivar, de dar confiança. Contará aos iniciantes os êxitos das excursões passadas. Alertá-los-á para os cuidados a ter na viagem que vão iniciar e dos proveitos a usufruir. Porque viajar não é seguir um caminho feito, mas fazê-lo. Viagem, do latim, via+agere, isto é, fazer via. E o primeiro risco de quem faz viagem é errar. Mas essa é a condição eminentemente humana, a situação incontornável de toda a aprendizagem, especialmente a filosófica. O que define o homem não é o determinismo da imóvel pedra jacente, da impulsividade animal, mas antes a incerteza dos seus passos de ser bípede comandado por uma mente aprendente. No seu desenvolvimento como espécie, no seu desenvolvimento individual o que melhor define o homem é a de um ser errante, de ser homo viator. Por isso, o guia, não que deva incentivar o erro, mas deve compreendê-lo, tolerá-lo como parte integrante do ensaio filosófico. Seria intolerável que à criança que cai ao tentear os primeiros passos, fosse punida pelos pais. Certamente, a criança pararia os ensaios com consequências desastrosas. Pelo contrário, o que se faz é minimizar o erro e incentivar, incentivar sempre, elogiando cada passo. O incentivo, a atração, a motivação têm de ser o combustível indispensável na caminhada e o professor terá de os fornecer de modo adequado. Há, na verdade, alguns guias que olham para esta viagem como uma via sacra que veêm cada aluno como um Cristo que carrega uma cruz até ao Calvário. A única forma de se libertarem da ignorância é pelo sofrimento, pela dor. Pelo trabalho. Pelo trabalho na acepção bíblica, como castigo, como remissão do pecado: "Ganharás o pão com o suor do teu rosto" . Por isso, no início da viagem se darão as devidas instruções para que ninguém ouse distrair-se, para que estejam atentos ao pecado capital: a preguiça. E para esse enaltecimento do trabalho regenerador se vão buscar citações que persuadam os neófitos: " o trabalho liberta-nos de três grandes males: a pobreza, o aborrecimento e o vício", esquecendo-se ( não sabendo ou ocultando) que o mesmo Voltaire autor da frase diz: "uma frase inteligente não é a prova de nada" e, ainda, sobre o trabalho, o mesmo Voltaire afirma: "Trabalhemos sem raciocinar: é o único meio de tornar a vida suportável". É que a concepção de trabalho de Voltaire não é a bíblica e nem deveria gostar de se ver citado a corroborar tal conceção. Por vezes, a exaltação do trabalho é mesmo muito cínica como acontecia com a frase que os nazis tinham à entrada do campo de concentração de Auschwitz: " O trabalho liberta o homem". Como é ironicamente que Voltaire escreve as frases: (...) O trabalho liberta-nos de três grandes males: a pobreza, o aborrecimento e o vício (...) Trabalhemos e deixemo-nos de discursos - disse Martin -; é o único meio de tornar a vida suportável. Precisamos de saber quando Voltaire fala a sério. A obra de onde são extraídas as citações - Le Cândide - é uma obra em que Voltaire fala a sério, a brincar. Não é, certamente, com citações ou com sermões sobre o valor do trabalho que se persuadem os alunos tal como não se tornarão filósofos dizendo-lhes que a filosofia é importante. É preciso que cada um o descubra com auxílio de quem oriente o olhar. Essa é a função do professor. Tudo o resto não vale nada, quase nada.
As palavras sobrevivem, também elas, por adaptação, por conquista de novos territórios. Tal é o caso da palavra instalação que conquistou território no domínio da arquitectura, das exposições e, para além de conservar território nos ofícios tradicionais, ganhou terreno no campo das novas tecnologias: instalar a TV cabo, instalar a Internet, etc. Com tanta gente a tocar a campaínha da porta para fazer instalação disto e daquilo, um dia batem-lhe à porta para instalar o medo. E assim começa esta ficção de Rui Zink que tão bem paraboliza o estado do Estado e da sociedade portuguesa.
Corria o mês de Junho de 1998 . Reuniram-se os directores de Centros de Formação de Associação de Escolas, em Montalegre para “Repensar, partilhar, perspectivar o futuro. Comeu-se bem e a parte social conduzida pelo padre Fontes foi óptima. Foi uma boa ocasião para observar comportamentos, de entender o que faz correr os directores. Por que é que os professores se hão-de interessar pela formação? A expressão que me ocorre é que toda esta gente anda a encher pneus. Bom dia, senhores Se estiverem de acordo, eu... Pediria a Valpaços que relatasse a experiência Sim nós temos cursos e oficinas, de música Mas não há motivação E um, e mais outro e todos: «Não há motivação» Sim meus amigos quando a alma se perde, ficamos sem música... Isso eu não deixarei.
A tarefa da educação não começa nos alunos - é neles que termina. Toda a exigência tem de começar por nós para ter autoridade e merecer respeito. Por isso, exija de si, Sr Ministro, exija dos serviços centrais do ministério, exija dos pais, exija das escolas, exija dos professores para poder exigir dos alunos. Faz contas e faz muito bem em fazer contas que no bem contar é que vai o ganho. Porém, apenas no bom contar. E aí não basta a máquina de calcular porque entra o conto das vidas. Não tem que ter medo em entrar nesse conto. Então e a avaliação dos professores, senhor ministro? Inclinou o plano tanto que precipitou a queda da sua antecessora quando era comentador. Agora que é ministro já é somente um plano. Quando cair ( porque não ha repouso eterno nesse assento ministerial onde subiste) dado o ângulo raso do plano, cairá deitado, de borco como um mergulhador principiante. Não cairá de pé. Cairá Sem dignidade e sem honra. E sem destruir o Ministério da Educação ( não era seu propósito implodi-lo?), esse desfigurado mostro. Dirá que conseguiu pacificar a classe docente. Tê-lo-à feito contrariando-se a si mesmo pelo que disse, em tempos de comentador, numa questão essencial qual seja a de passarmos do reino da mediocracia para o reino da meritocracia. E fê-lo da maneira mais fácil,facilitando: com os sindicatos com quem era fácil acordar(ficando de fora a Fenprof), com um acordo que não avaliaria nada de essencial se alguma vez viesse a ser implementado. Porque a avaliação deveria começar no ano lectivo 2012-2013 mas não o será, porque embora volvidos quinze meses, o ministério não cuidou nem de estabelecer critérios homogéneos, nem instrumentos de registo, nem formação. Isto é o sr. Ministro não trabalhou. E porque não trabalhou, não trabalharam os que de sidependem, estiveram os Centros de Formação de Professores ( com seus diretores, assessores, consultores, administrativos ... ) sem fazer o que lhes compete: formação de professores. Isto é, em cadeia, no Ministério não se trabalhou. Claro que em cadeia, ninguém é avaliado. E o vasto mar da crise financeira centra a atenção de todos distraindo-nos destes rios que o alimentam. Depois queixam- se dos resultados dos alunos. Resultados, senhor ministro! Princípio da razão suficiente: Todo o efeito tem uma causa. Estranho é que os resultados fossem diferentes. O facilismo, a indisciplina, a desorganização, a falta de rigor, a desmotivação , o fazer de conta, os estratagemas, o plágio, o copianço, o incumprimento, a não pontualidade, a lei do menor esforço estão tão naturalmente nos comportamentos dos alunos como o fato de se molhar quem anda à chuva. Porque todo o efeito tem uma causa. De pouco lhe adianta pôr mais exames, pôr exames mais exigentes. Ninguém dá o que não tem. Este é o clima do Ministério que dirige. E como sabe o clima é determinante nos resultados da cultura. Mude o clima. Comece por se examinar a si, sr ministro! ( O conselho não é meu, é de Sócrates! Não, não é esse! É do grego! Também lhe soa mal...). Examine o caminho que fez desde que se iniciou na atividade ministerial! Depois de avaliar a cabeça do mostro, veja se gosta do corpo que tem. Então? Vai continuar a ser a cabeça do monstro? Para já, apenas lhe vai fazendo cortes que em nada lhe retiram a sua natureza monstruosa e nalguns casos ( se ainda é possível) o tornam ainda mais monstruoso. A parte mais desprotegida e frágil do monstro é a cabeça. Nuno Crato é já a trigésima cabeça do monstro, a seguir ao 25 de Abril, podendo dizer-se com propriedade que o Ministério da Educação é um quebra cabeças. Apenas Roberto Carneiro, Marçal Grilo e Maria de Lurdes Rodrigues completaram uma legislatura.
Abertura pela senhora Secretária de Estado, Ana Benavente. Não admira que a gente de Lisboa pense diferente da gente que de lá não é. Basta que o provinciano venha à capital para agir e pensar de modo diferente do da sua terra. Começa por se aprender uma linguagem diferente que daqui há-de partir para o resto do país. Aqui se fabricam os novos conceitos e daqui se exportam devidamente empacotados em embalagens diversas mas sempre acompanhados de recomendações de como se devem ou não usar, chamando a atenção para o seu mau uso e para os possíveis efeitos secundários. Em caso de sobredosagem deverá ter o seguinte procedimento: ... E fazem-se citações, muitas citações dos defuntos e dos que ainda o hão-de ser não se sabe quando. Depois há os louvaminhas, que praga e os que comedidamente abanam suas cabeças em sincero apoio ou por hábito adquiriram esta bonomia de a tudo dizerem que sim, que sim senhor. Como se de um coro silencioso se tratasse: Tibi laudamus, domine! Tibi laudamus domine! Conceitos: Territórios, territorialização, territórios educativos e territórios educativos de intervenção prioritária; Cartas, redes, malhas. Ter , ganhar, dar visibilidade ou não estivéssemos nós num mundo de espectáculo! Parcerias( e não há parceiros menores), protocolos, contratos. Depois, um senhor Amável Santos, gestor nacional do Prodep - Um homem cheio de sérias preocupações por causa dos choques ... do petróleo, do desenvolvimento científico, da mundialização, das novas tecnologias. Estamos todos no mesmo barco (esqueceu-se de dizer que neste barco - o planeta terra - tem camarotes de 1ª, de 2ª, de 3ª). Depois o senhor Jorge Lemos com ar governamental começando com uma grande tolice: Não há muito mais a dizer e repetindo o que já alguem aqui disse e por aí fora vai buscar os lugares comuns, dizendo sabiamente: Os que estavam excluídos da escola, hoje já não estão. E todos: Eu terminaria por aqui ou serei breve. E de tarde A via certa do iluminismo burocrata e tecnocrata... e terminava por aqui. Dia 23 Eu, Eu, Eu, Eu, ... que seria o mudo sem mim? Tudo funciona bem .. as coisas funcionam de facto... contactámos a câmara ... e as calculadoras gráficas...e as parcerias e os protocolos …
Lógica vertical e lógica horizontal e as medidas de cima para baixo. Viva a horizontalidade.
Finalmente uma lufada de ar fresco e foi preciso um alentejano bom contador de histórias: O que aprendi de Einstein é que tudo é relativo. E disse muito claramente uma coisa simples que não é tão óbvia assim: O objectivo da formação de professores é melhorar a qualidade das aprendizagens nas escolas. Formar para quê? Para Quem? Como? O destino e as rotas. Valeu a pena este Zé de Évora. Por último um arquétipo do pedantismo: como dizer o óbvio, apenas o óbvio e não mais que o óbvio!