Poema das coisas belas - António Gedeão
julmar, 29.11.11
Às vezes dou comigo a pensar na realidade das coisas e noutras metafísicas quaisquer, dei hoje comigo , de manhã ao olhar-me no espelho, a pensar na proposição de Berkeley «Esse est percipi aut percipire». Para o que me havia de dar.
As coisas belas,
As que deixam cicatrizes na memória dos homens,
Por que motivo serão belas?
E belas para quê
Põe-se o sol, porque o seu movimento é relativo,
Derrama cores porque os meus olhos vêem.
Mas por que será belo o pôr do Sol?
E belo, para quê
Se acaso as coisas não são coisas em si mesmas,
Mas só são coisas quando coisas percebidas,
Por que direi das coisas que são belas?
E belas para quê?
Se acaso as coisas forem coisas em si mesmas
Sem precisarem de ser coisas percebidas,
Para quem serão belas essas coisas?
E belas, para quê
António Gedeão