Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

A Águia bébé

Avatar do autor julmar, 24.05.11

Por vezes, muitas vezes vale mais uma boa história do que uma brilhante explicação. Por isso, procuro, no início de uma acção de formação deixar uma mensagem parabólica. Aqui vai a que dexarei na próxima sobre Necessidades Educativas Especiais:

 

Certa vez, um agricultor encontrou, no bosque, uma águia-bebé ferida. Levou-a para casa, curou-a e colocou-a no galinheiro onde ela depressa aprendeu a comer a mesma comida que os pintos e as galinhas.

Um dia, um naturalista que passou em casa do agricultor perguntou, intrigado:

-         Porque está a águia, rei de todas as aves e pássaros, fechada no galinheiro com os frangos?

O lavrador respondeu-lhe:

-         Encontrei-a ferida, no bosque e como ficou no galinheiro a curar-se, alimenta-se como os frangos e nunca aprendeu a voar. Comporta-se como os pintos e, portanto, não é uma águia.

-         Parece-me um belo gesto o teu! Trouxeste-a para casa e cuidaste dela, dando-lhe a oportunidade de sobreviver e ter companhia. Entretanto, ela tem coração de águia e, certamente, pode aprender a voar. Que te parece se lhe déssemos possibilidades de voar?

-         Não percebo o que me dizes. Se ela quisesse voar, tê-lo-ia feito; eu não a impedi de aprender.

-         É verdade! Tu não a impediste, mas, como dizias antes, ensinaste-a a comportar-se como um frango e, por isso, ela não voa. Podemos tentar ensiná-la a voar?

-         Porque insistes tanto? Não vês que ela se comporta como os frangos e já não é uma águia?

O naturalista não desanimou e continuou:

-         É verdade que nos últimos meses se tem comportado como um frango. Mas tenho a impressão que te fixas demasiado nas suas dificuldades de voar. Que te parece se pensarmos no seu coração de águia e nas suas possibilidades de voar?

-         Tenho as minhas dúvidas que isso mude alguma coisa.

-         Apesar de tudo, se pensarmos nas suas possibilidades de voar, julgo que isso nos leva a experimentar as suas possibilidades efectivas!

O lavrador concordou e, no dia seguinte, o naturalista começou a treinar o vôo da águia. Levou-a até um ponto mais alto e incentivou-a a abrir as asas e a voar.

As suas palavras não convenceram a jovem águia. Ela estava confusa e, ao ver os frangos a comer, começou aos saltos até chegar junto deles. Teve medo e pensou que tinha perdido a sua capacidade de voar.

No dia seguinte, o naturalista levou a águia até ao cimo do telhado e incentivou-a:

-         És uma águia! Abre as asas e voa! Podes voar!

Mas a águia continuou a ter medo de si mesma e de tudo o que a rodeava. Nunca se vira naquelas alturas e saltou mais uma vez para o galinheiro.

No dia seguinte, levou a jovem águia até um monte e de novo a incentivou:

-         És uma águia! Voa!

A águia olhou fixamente os olhos do naturalista. Este, impressionado com aquele gesto, disse-lhe em voz baixa e suave:

-         Não me surpreende que tenhas medo. É natural que o tenhas, mas vais ver que valerá a pena tentar. Poderá percorrer distâncias enormes, jogar com o vento e conhecer outros corações de águia. Aliás já pudeste constatar a força que tens, quando correste para os frangos.

A águia olhou à sua volta, para o galinheiro e depois para o céu.

A naturalista ergueu-a bem alto e acariciou-a. Então, ela abriu lentamente as asas e voou no céu.

Tinha recuperado, por fim, as suas possibilidades!