Alexandre Herculano
julmar, 28.03.10
Passam cem anos do nascimento de Alexandre Herculano. Conheci-o nas antologias (como eu gostava delas!) da escola. A seguir aos pré-românticos (a Marquesa de Alorna, o Bocage …) lá vinha a tríade dos introdutores do romantismo em Portugal: O Feliciano Castilho, o A. Garrett e o Herculano. Mais que a leveza de Garrett atraía-me a gravidade de Herculano. Dele, que me lembre, li o Bobo, Eurico o Presbítero e, se o tempo desse voltaria a ler, o Monge de Cister um bom exemplo de poesia escrita em prosa.
E numa dessas antologias, o extracto que se segue de cruz mutilada que a mim se colou:
Amo-te, ó cruz, no vértice, firmada De esplêndidas igrejas; Amo-te quando à noite, sobre a campa, Junto ao cipreste alvejas; Amo-te sobre o altar, onde, entre incensos, As preces te rodeiam; Amo-te quando em préstito festivo As multidões te hasteiam; Amo-te erguida no cruzeiro antigo, No adro do presbitério, Ou quando o morto, impressa no ataúde, Guias ao cemitério; Amo-te, ó cruz, até, quando no vale Negrejas triste e só, Núncia do crime, a que deveu a terra Do assassinado o pó: Porém guando mais te amo, Ó cruz do meu Senhor, É, se te encontro à tarde, Antes de o Sol se pôr, Na clareira da serra, Que o arvoredo assombra, Quando à luz que fenece Se estira a tua sombra, E o dia últimos raios Com o luar mistura, E o seu hino da tarde O pinheiral murmura.