![O Silêncio dos Livros O Silêncio dos Livros]()
«O facto novo é que esta guerra aos desacatos do vício ainda impune (e é bom que percebamos que não vaia continuar assim por muito mais tempo), em nome do desenvolvimento e da rentabilidade tanto psicológica como comercial, é conduzida por um exército de patetas radiantes de estupidez e de uma ambição feroz. São os imbecis de que falava Bernanos. São infalivelmente reconhecíveis pelo mau gosto, pela incapacidade de usarem com bomsenso e justeza o poder de que gozam hoje em dia. É o aspecto cómico da situação, porque, apesar de tudo, este existe: o poder mediático tem as mãos vazias, a substância que se propõe transmitir é nula. De resto falar em "transmissão" é supérfluo, porque isso faria supor que havia ainda, no fundo da tal estupidez radiante, uma relação com o passado, uma relação com a biblioteca, um qualquer conhecimento das formas anteriores que vão prosseguindo o seu lado subterrâneo. Ora não é nada disso. Ora não é nada disso. Pouco importa o que produzimos, dizem com os seus botões os tais novos imbecis, o que importa é estarmos aqui, a comandaar e que as saídas estejam devidamente controladas. Acima de tudo, nunca deixar entrar, por desatenção um humanóide competente; a partir daí, passa a ser preciso gerir aqueles problemas detestáveis do tipo de prestar atenção ao que se escreve, exercitar o juízo estético, arranjar tempo para ler, coisas por demais exasperantes;enfim e em resumo, trabalhar.»