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Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

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Avatar do autor julmar, 30.12.08

Questionário de Auto-observação para professores: a prevenção da indisciplina na aula

 
Verifique se utiliza os procedimentos seguintes com o fim de criar e de manter um bom clima relacional e de trabalho nas suas aulas.

Enquanto professor(a), será que estabeleço um bom clima na sala de aula e ajudo os meus alunos a ter comportamentos adequados? As aulas bem organizadas são susceptíveis de manter o interesse e a motivação dos alunos, reduzindo assim o aparecimento de problemas de disciplina. (escala: Sim, às vezes, Não)

Preparação e planificação da aula
Programo actividades variadas, que exijam capacidades diversas e constituam um desafio a essas mesmas capacidades?
Sou capaz de antecipar dificuldades potenciais e reagir apropriadamente quando elas ocorrem? Presto atenção às expectativas dos alunos?
Selecciono actividades em harmonia com os objectivos a que me proponho?
Organizo a sala de aula de maneira a criar uma atmosfera propícia a um bom clima de aula? Marco trabalho de casa com regularidade, ao longo do ano?
Início da aula

Chego pontualmente à aula?
Faço com que os a/unos cheguem pontualmente à aula?
Supervisiono a entrada dos alunos na aula? (Sempre que tal se justifique.)
Sempre que marco trabalho de casa (na aula anterior), asseguro-me de que os alunos o fizeram e esclareço dúvidas?
Explicito claramente os objectivos da aula?
Inicio a aula de maneira interessante e motivadora?
Perguntas, instruções e explicações
Expresso-me de maneira clara e audível?
Evito uma linguagem demasiado difícil ou ambígua?
Quando faço explicações para o colectivo, uso perguntas breves para verificar o nível de recepção dos alunos?
Faço a ligação entre a nova informação e a informação já adquirida pelos alunos?
Uso perguntas breves para manter os alunos focados no conteúdo da aula?
Vigilância

Tento ter sempre visibilidade de toda a turma? (Coloco-me em posições estratégicas.)
Dou a entender à turma que sei o que cada aluno está a fazer naquele momento?
Tento desenvolver a capacidade de prestar atenção a mais do que uma situação ao mesmo tempo?
Paro rapidamente o comportamento perturbador, com um mínimo de interferência na aula? (Não faço discursos, nem dou sermões.)
Actividades e conteúdos

Adequo o modo de apresentação dos conteúdos e das tarefas às idades, capacidades e características culturais dos alunos?
Realizo com os alunos actividades variadas e relevantes e utilizo diferentes métodos de ensino? Organizo actividades nas quais a maioria dos alunos possa ter sucesso a maior parte das vezes, sem deixar de providenciar uma gradação de dificuldades que os leva a progredir?
Se a aula está programada para um trabalho colectivo, dirijo-me principalmente para a turma no seu todo?
Mostro entusiasmo pelo que ensino?
Mantenho os alunos activamente envolvidos em actividades produtivas?
Nas turmas que me estão confiadas, os alunos realizam regularmente trabalho cooperativo nas aulas (trabalho de grupo, tutoria, trabalho de pares)?
Dou feedback aos alunos pelo seu desempenho, com regularidade?
Manutenção do ritmo da aula
Faço transições suaves entre actividades; certifico-me que todos os alunos concluíram a anterior e dou instruções claras acerca da seguinte? (De modo que todos percebam a mudança, evitando barulho excessivo ou demasiada agitação.)
Evito tempos mortos entre diferentes actividades?
Planifico tarefas alternativas para os alunos que acabam mais cedo os seus trabalhos?
Tento ser fluente e evito momentos de abrandamento do ritmo da aula?
Final da aula
Tento terminar as actividades um pouco antes da hora de saída?
Faço com os alunos o sumário dos tópicos principais da lição?
Dou instruções claras para o trabalho de casa ou para a preparação da aula seguinte?
Faço uma breve prospectiva do que será a próxima (ou as próximas) aula(s), criando entusiasmo pelo que se segue?
Faço com que os alunos guardem os materiais de maneira calma e ordeira? (Sempre que tal se justifique.)
Supervisiono a saída dos alunos? (Quando necessário.)

Podem reduzir-se as possibilidades de ocorrerem situações perturbadoras da relação pedagógica
e do ambiente de trabalho na aula, se se agir, logo de início, com autoridade.
Regras e rotinas
Conheço e mostro que conheço as regras e rotinas habituais da aula e da escola?
Clarifico com os alunos um conjunto de regras básicas para o funcionamento da turma e explicito as consequências à infracção das mesmas?
Defino as regras pela positiva?
Mostro-me firme em relação ao cumprimento dessas regras, muito particularmente durante as primeiras três semanas de aulas?
Estabeleço as regras em harmonia com os meus princípios educativos e com os objectivos que pretendo atingir?
Face aos desvios evoco frequentemente as regras?
Reforço do comportamento adequado
Dou o reforço imediatamente a seguir ao comportamento desejado?
Reforço os comportamentos adequados com frequência apropriada? (Não uso o reforço com frequência, mas uso sempre que é apropriado.
Quando recompenso algum aluno pelo seu comportamento, tenho o cuidado de escolher recompensas apropriadas à situação e ao aluno em causa?
Quando recompenso ou reforço o comportamento de um aluno, explicito a razão do estímulo? Punição
Só castigo quando não tenho outra alternativa? (Não abuso do uso de sanções.)
Ao repreender identifico o aluno em falta?
Quando repreendo ou castigo, faço-o de uma maneira clara e firme?
Focalizo a punição no comportamento incorrecto e não na pessoa?
Aplico o castigo imediatamente a seguir à falta?
Tento ser consistente?
Ao repreender dou maior ênfase ao comportamento positivo esperado do que aos aspectos negativos ocorridos?
Tento ajustar o castigo à falta? (O castigo deve estar relacionado com a falta cometida.)
Quando repreendo ou castigo, falo num tom que sugere autoridade e induz acordo?
Gestão de conflitos
Mantenho o controlo da conversa?
Estou consciente das respostas emocionais do aluno? (Sou bom observador do comportamento, emoções e sentimentos dos outros.)
Ajudo a identificar o problema e a encontrar soluções para o ultrapassar, em vez de apenas censurar?
Critico o acto, não a pessoa?
Mostro-me seguro(a) e confiante?
Evito o sarcasmo e a ridicularização do aluno?
Evito as ameaças e as intimidações?
Utilizo o confronto de forma positiva?
Relações pessoais
Tento ser consistente e justo(a)?
Mostro interesse pelos alunos como pessoas? (Tento criar uma relação de empatia.)
Sou acessível e tento estar disponível? (Tento encontrar um equilíbrio entre a autoridade e a proximidade.)
Crio um clima na sala de aula onde o aluno, a) demonstre respeito pelo trabalho e pelos outros? b) exprima sem receio os seus sentimentos? c) possa participar nos processos de decisão? d) desenvolva a autodisciplina? e) tome consciência das suas necessidades e interesses? aprenda a monitorizar as suas aprendizagens?

As mensagens não-verbais são uma parte poderosa da comunicação. O comportamento não-verbal pode afectar a atenção e o interesse, comunicar ansiedade ou confiança, mostrar status e autoridade.
Postura
Adopto uma postura descontraída?
Adopto uma postura de alerta, mas confiante?
Voz

Uso um tom e volume apropriados? Pratico a projecção de voz?
Contacto visual
Percorro regularmente com o olhar toda a classe?
Estabeleço contacto visual com os diferentes alunos?
Controlo o contacto visual?
Expressão facial

Utilizo uma expressão de acordo com o contexto do discurso?
Gestos
Uso gestos para dar ênfase ao discurso? Coordeno os gestos com o discurso?
Vario e tento usar os gestos com uma frequência apropriada?
Posição e movimento

Selecciono uma posição apropriada quando me dirijo à turma colectivamente?
Controlo o uso que os alunos fazem do seu próprio território e as suas deslocações?
Uso o espaço/território do aluno para apoiar, recompensar ou controlar o seu comportamento? Movimento-me com frequência por toda a sala?

( Este documento foi adaptado a partir de um questionário elaborado por Custódia Paulo Mendes e Gisela Castro, no âmbito de um Diploma de Especialização em Ciências da Educação na área de Formação Pessoal e Social. A adaptação foi feita por Isabel Freire e Ana Margarida Veiga Simão, a partir da sua aplicação em situações variadas de formação de professores.

Fonte: Amado, João do Silvo e Freire, Isabel Pimenta (2002). Indisciplina e Violência na Escola - Compreender Para Prevenir.

A vida é sempre igual

Avatar do autor julmar, 12.12.08

A propósito das faltas dos deputados, em 5 de Junho de 2005 escrevia no Pitagórico:

Cão como nós

Já havia o dia da criança, o dia da mulher ..mas ainda faltava o dia do cão. Mas eu gostava mesmo era que houvesse o dia do deputado. Mas que esse dia, ao contrário dos outros fosse móvel ... assim como desse jeito. Por exemplo num dia em que houvesse um jogo de futebol da selecção ... ou até mesmo para aproveitar uma ponte. Vá lá ... um cão não pode ter mais dignidade que um deputado.

Borregana - Ah meu pobre país

Avatar do autor julmar, 12.12.08

Se o teu principal deficit fosse o dinheiro que não tens!
Mas não, o teu deficit é outro grave e fundo.
É um deficit das elites malformadas,
De empresários que se querem patrões,
Bestas iletradas que só vêm cifrões
Dos interesses instalados
de sindicatos, ordens e corporações
Tudo a sugar essa besta divinizada
A quem todos juram servir
E de que todos se servem
Que uns dizem ser Patria
Outros Nação e outros Estado
O teu deficit é de educação
Desde o chefe principal
Até ao calejado lá do fundo
Armado no seu rude feitio
Que escarra contra o vento
E na boçalidade coloca brio
Neste deficit é que te haviam de pôr limite
Nem que te pusessem peias e cabresto
E quem sabe um açaime no focinho
E um aguilhão de ponta afiada
Que quem não anda a bem
Tem que andar a mal
Porque desistir nunca.
 

Leituras - A formação dos professores

Avatar do autor julmar, 12.12.08

 

Já em 1972, o Relatório da Comissão de Estudo sobre a função do professor no ensino médio pode falar da "crise da relação pedagógica": "do modo como ela vinha se fazendo há apenas 15 anos, a profissão se tomou impraticável".9 A situação não é, aliás, específica à França: Peter Woods, na Grã-Bretanhi fala de um "problema de sobrevivência". 10

         As pressões sobre as capacidades de adaptação dos professores aumentaram, estão aumentando e continuarão provavelmente a aumentar (...). Os professores não podem mudar nem de profissão, nem a ordem social, eles devem, então, adaptar.

Eles devem acomodar-se à situação. Lá, onde os problemas são numerosos e intensos, a adaptação prevalecerá sobre o ensino (...). Os professores adaptam desenvolvendo e utilizando estratégias de sobrevivência".

Primeiro sobreviver, depois ensinar: esta é, daí em diante, a ordem de

prioridades para os  professores. Sua famosa "resistência à mudança" é, talvez antes de tudo, a expressão do sentimento de precariedade, e mesmo de ameaça, que eles experimentam: quando se vive equilibrando-se sobre um abismo, toda mudança é, antes de tudo, desestabilização, desorganização de estratégias de sobrevivência elaboradas a duras penas.

A dificuldade de ensinar é um efeito da evolução geral das sociedades industriais modernas, não podendo, então, ser reduzida à desvinculação entre a relação dos jovens e dos professores com o saber. Mas essa desvinculação que traduz ela própria um distanciamento crescente entre as duas lógicas evocamos ao longo deste texto, exprime, no campo do saber, isto é, lá onde a escola encontra, a princípio, sua razão de ser, a mutação da escola moderna

Ela torna hoje particularmente difícil o exercício do "métier" do professor. O professor devia outrora dominar as práticas profissionais que lhe permitiriam transmitir saber aos jovens; mas os jovens não questionavam o valor particular desse saber em si mesmo. Hoje o professor deve dominar as práticas profissionais que lhe permitem transmitir, em sua coerência específica, saberes a jovens que só conferem alguma legitimidade ao saber se ele é "útil". A tensão entre a lógica das práticas e a do saber constituído em discurso afecta não somente os professores como também os alunos. A partir daí, ela se toma muito mais difícil de gerir, e as práticas profissionais para as quais o professor deve formar-se ficam muito mais complexas... e muito mais precárias.                                                                                   

Formar professores é dotá-los de competências que lhes permitirão gerir essa tensão, construir as mediações entre práticas e saberes através da prática dos saberes e do saber das práticas. Para formar educadores, é preciso ser igualmente capaz, como formador de educadores, de gerir a mesma tensão.

In, Bernard Charlot – Relação com o saber, Formação dos Professores e Globalização