À flor da pele - do Bitatites
julmar, 21.12.07
«O que a gente encontra se escrever ‘à flor da pele’ no Google. Façam a vossa experiência. Encontrei um blogue chamado ‘Sensualidade à Flor da Pele’ que é tão sensual como, digamos, um ficheiro PowerPoint. Também existem referências a um filme ‘pornô’ com a Rita Cadillac (esse portento da intelectualidade brasileira, aliás eu alinho no acordo ortográfico se ela alinhar também).
Agora preparem-se, vou tornar este post ainda mais sexy do que o habitual. O que é mais difícil de encontrar no Google ou em qualquer outro sítio são imagens que provem que a nossa pele é terreno de pasto para milhares de seres microscópicos. Milhares, talvez não. Biliões. Os cientistas dizem que, dentro e fora do corpo, devem ser mais de 10 biliões de organismos.
Portanto cada um de nós é um mundo. Cada um de nós é uma canção da Laurie Anderson em potência. Big Science. Um pequeno Universo. Somos um Cosmos. Uma estrela. Um planeta. Fonte de vida. Implacáveis deuses que se coçam. E a nossa eventual queda arrastará connosco biliões de outros seres.
Esses bicharocos são demasiado pequeninos para serem vistos a olho nu. Falei em coisas nuas? Aposto que vocês já estão preocupados em saber se, durante o sexo, correm o risco de magoar os bichinhos que habitam a nossa pele. Hossana nas alturas! Descansem. Parece que eles não se importam. Não os afecta. Talvez até gostem da agitação. Quando se trata de criar formas de tornar o sexo agradável e sem complexos de culpa, o nosso Criador não brinca em serviço.
A única actividade que os chateia (e são os cientistas que o dizem) é quando choramos: cada lágrima, para eles, é uma enxurrada mortal – é por isso que eles evitam fixar-se sob os nossos olhos. Mais uma razão para não sermos escravos do sofrimento.
Quando se fala em 10 biliões de organismos, é preciso notar que grande parte desses organismos são bactérias – e o nosso corpo estabelece com algumas delas uma relação tão amigável como a que estabelecemos com o dono do café que frequentamos todos os dias. A Ciência tem uma palavra para isso: simbiose.
Os lactobacilos, por exemplo, gostam tanto dos nossos intestinos que vivem neles. As nossas tripas estão cheias de comida e, em troca destas refeições fáceis, os lactobacilos protegem-nos da acção de uma série de bactérias nocivas.
Existe um pequeno vídeo no YouTube muito elucidativo sobre a fauna que habita a nossa epiderme. Não se tratam de piolhos, sarna ou vermes, mas de microorganismos que se alimentam de nós. São tão pequeninos que só é possível observá-los recorrendo a microscópios electrónicos. Vale a pena ver. E quem não sentir vontade de se coçar a ver aquilo que levante a mão. Link»