Tenho saudades de ler os meus filósofos; tenho saudade de pegar em palavras e a propósito deles, deles falar. Saudades do Descartes do "Discurso" e das "Paixões da Alma". Como o vulgar quotidiano nos rouba tesouros: Mas quando se não nasce rico como Descartes não resta senão a labuta pelo 'panem nostrum quotidianum'. E já é uma graça podê-lo ganhar nas margens da filosofia.
Tudo isto a propósito da alegria, essa tão doce e agradável emoção.
«A alegria é uma agradável emoção da alma, consistindo no bem que as impressões do cérebrolhe representam como seu. Digo que é nessa emoção que consiste o gozo do bem; porque efectivamente a alma não tira nenhum outro fruto de todos os bens que possui; e, enquanto não tira deles nenhuma alegria, pode dizer-se que não aproveita mais do que se os não possuísse ...»