Porque acho que a Internet está a mudar o mundo quis ler um pouco sobre o assunto e escolhi «A galáxia Internet, reflexões sobre Internet, sociedade e negócios» de um conceituado sociólogo actual Manuel Castells, edição da Calouste Gulbenkian.
O que me surperende em primeiro lugar é a velocidade que não deixa de ser uma das características fundamentais das sociedades modernas e que a Internet encarna de modo quase absoluto ao mesmo tempo que quase tem o dom da ubiquidade e da instantaneidade: está lá tudo de modo instantâneo. Dez anos na vida da humanidade não é nada. Mas foi em 1995 que a Internet começou tal como a conhecemos. Dez anos apenas. Aumenta exponencialmente o desenvolvimento desigual cavando um fosso abissal entre ricos e pobres, quer se trate de indivíduos quer de países. E mais: não deixa alternativa a outros modelos de desenvolvimento. E faz cumprir a palavra do Evangelho: «Aos que muito têm mais lhes será dado e aos que pouco têm até esse pouco lhes será tirado»
«A cultura da Internet é uma cultura construída sobre a crença tecnocrática no progresso humano através da tecnologia, praticada por comunidades de hackers que prosperam num ambiente de criatividade tecnológica livre e aberta, assente em redes virtuais, dedicadas a reinventar a sociedade, e materializada por empreendedores capitalistas na maneira como a nova economia opera».
E coitados dos info-excluídos: «A info-exclusão fundamental não se mede pelo número de ligações à Internet, mas sim pelas consequências que tanto a ligação como a falta de ligação comportam, porque a Internet não é apenas uma tecnologia: é o instrumento tecnológico e a forma organizativa que distribui o poder da informação, a geração de conhecimentos e a capacidade de ligar-se em rede em qualquer âmbito da actividade humana (...)
O desenvolvimento sem Internet seria equivalente à industrialização sem electicidade durante a era industrial. É devido a isto que a afirmação tantas vezes ouvida relativamente à necessidade de começar 'pelos problemas reais do Terceiro Mundo', ou seja, a saúde, a educação, a água, a electricidade e outras necessidades, antes de se pensar no desenvolvimento da Internet, revela um profundo desconhecimento que realmente importam hoje em dia».
E Castells termina de uma forma pouca tranquila para os que gostariam apenas de viver a vida: «Imagino que alguém poderia dizer:' Porque é que não me deixa em paz? Eu não quero saber nada da sua Internet, da sua civilização tecnológica, da sua sociedade em rede! A única coisa que quero é viver a minha vida!' Pois bem, se esse for o seu caso, tenho más notícias para si: mesmo que você não se relacione com as redes, as redes vão-se relacionar consigo. Enquanto quiser continuar a viver em sociedade e neste lugar, terá que lidar com a sociedade em rede. Porque vivemos na Galáxia Internet»
Como dizia o poeta: Navegar é preciso!