Lendo, ainda, a 'Desumanização' de valter hugo mãe
julmar, 24.10.13
«A religião era uma forma de teimosia. As preces faziam-nos perseverar. E acreditar que deus se ocuparia também dos nossos destinos era uma casmurrice, talvez. Uma pretensão toda a dar-se importância. Tão pouca gente podia ser uma coisa grande no tamanho da alma. Mas eu não conseguia acreditar nisso. Achava-nos tristes. Ridículos. Deus certamente bocejaria se assistisse ao espetáculo pequenino das nossas vidas. Estaria indubitavelmente olhando para outro lado, para outro lugar. Mesmo quando Steindór cantava ou lia poemas que explicavam boa parte das coisas mais secretas do universo. Deus devia estar ocupado com mais gente. Lugares de mais gente. Onde alguém se revelasse excecional e admirável. O meu pai, que era poeta, ou o Steindór, que tinha coração de ouro, haviam de ser banais perante a grandeza dos de outras terras. Talvez fossem maravilhosos apenas porque não havia mais ninguém». Pg 149