Retrato de um País em Campanha Eleitoral
julmar, 18.09.13
Parafraseando Zeca Afonso
Quando o país em que tu vives cheira a merda
O que faz falta?
Se abrisse todos os mails que alguns dos meus amigos têm a amabilidade de me enviar ficaria exausto de riso, umas vezes, de indignação, outras e sem tempo para mais que não fosse indignação e riso. Eu que já me divertia bastante a olhar para os cartazes que, de rompante, começaram a enxamear ruas, largos e praças, em tamanhos, feitios e cores para todos os (maus) gostos, abri hoje um mail que me remetia para os Tesourinhos Autárquicos https://www.facebook.com/escrutinarasautarquicas2013
e, um após outro, não resisti a ver umas boas dezenas de cartazes e concluí que a vida deve estar difícil para o Ricardo Araújo Pereira e para todos os que professaram fazer das suas vidas fazer rir os outros. Muitas vezes é o contexto que torna o cartaz risível. Numa das candidaturas de Rui Rio ao Porto havia um grande outdoor do candidato na margem do Douro, ao Fluvial, precisamente sobre o local onde desaguava uma enorme conduta de esgotos, cujo texto declarava: ESTE RIO NÃO PARA DE CORRER. Mas todos sabemos ou devíamos saber como o contexto é importante na (des)valorização, deturpação da mensagem. O que é que lhe desperta a atenção, sem recurso a interpretações freudianas?
Noutros casos são os nomes dos das freguesias em que a infelicidade de uma qualquer frase espreita, seja Pêga, Mamarrosa, Manigoto ou Coina
Outras vezes é a generosidade em excesso que não bate com a ortografia ou a sintaxe
Outras poderá ser a provocação gratuita ou simples estupidez
Depois há as promessas para vivos e para defuntos
Há, ainda, as seduções grosseiras do consigo e do comigo. E as caras que fazem ou que têm senhores!
Poderia, hoje, Camões dizer:« Esta é a pátria ditosa minha amada»?