O Tempo e o modo - Critérios de Correção de Exames
julmar, 18.07.13
No domínio da educação a palavra que imediatamente despoleta medo, insegurança, desconfiança é avaliação. Nenhuma outra conseguiu até hoje uma mobilização tão grande da parte da classe docente, pese embora, nenhuma classe profissional avalie tanto. E, no entanto, é impossível qualquer melhoria profissional, pessoal, organizacional sem avaliação. Por infelicidade, sabemos como no domínio da educação (tirando a dos alunos) ela está ausente.
No ano que agora termina os resultados dos exames são muito inquietantes e o Ministro da Educação deveria fazer uma avaliação que respondesse à pergunta: Porque é que na maior parte dos exames dos vários os anos e disciplinas os resultados são tão maus, tão maus como nunca?
Alguns apontam os critérios de correção como os grandes responsáveis, dizendo que foram muito rigorosos. Ora, o rigor é uma qualidade essencial e, portanto, não me parece que se possam atacar por aí. Tomando o exemplo de um exame de português onde se perguntava o modo e o tempo de um determinado verbo. Segundo os critérios de correção os alunos deveriam responder: indicativo e presente(certo).
Ora, houve alunos que responderam presente e indicativo(errado). Ora os autores dos critérios consideraram segundo uma lei do tudo(100%) ou nada(0%) o que pode ser defensável de um ponto de vista absoluto. Em rigor o aluno respondeu mal. Porém, estamos a medir aprendizagens e como tal a resposta pode ter gradações. Com efeito, pode tratar-se de uma desatenção (no meu tempo o professor perguntava sempre qua era o tempo e o modo) e quedeverá ser penalizada(20% do valor da pergunta, por exemplo). Diferente seria o caso em que o aluno respondesse que se tratava do conjuntivo e imperfeito. Critérios rigorosos não são os que exigem preto ou branco mas os que conseguem valorizar corretamente as aprendizagens do aluno. Por vezes, até há erros que mostram mais saber do que alguns acertos.
Será tempo de avaliar os avaliadores para que melhorem o seu desempenho.