Leituras de Junho - Madrugada Suja
julmar, 20.06.13
Li mais um romance do MST. Valeu a pena? Porque não estou de acordo com o verso de Pessoa - porque tenho a alma nem grande, nem pequena -, direi que sim. Não é o tipo de escrita que eu goste, não é o tipo de enredo que aprecie mais. A linguagem é a linguagem de jornalista com pretensão literária, as personagens são talhadas mais em termos de curvas e retas (retratos femininos), com pouca densidade psicológica. O enredo é, para os da minha geração, uma descrição da realidade vivida a seguir ao 25 de Abril, tudo muito familiar: as bebedeiras académicas, a desertificação das nossas aldeias (no caso tinha que ser uma aldeia alentejana), as campanhas do MFA, a Reforma Agrária, um pais devastado pela construção urbanística destruindo a paisagem aliada à corrupção que sobe do poder local ao poder central. Pelo cenário alentejano, pela temática tratada, pela linguagem é uma aproximação da obra de Manuel da Fonseca.
Não me admiraria de aqui a um ano ver a obra em novela na televisão.