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Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

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Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Quando era professor de Filosofia

Avatar do autor julmar, 26.02.13

Coisas que vou encontrando de quando era professor de filosofia

 

 

PRÓLOGO

Hesitámos na escolha do termo Prólogo, pois que outros – prefácio, preâmbulo, prelúdio – se apresentavam capazes de cumprir tal função. Optámos por este por nele se conter um significado essencial ao filosofar – o logos que nos obriga a encontrar as razões a favor do(s) discurso(s) que se seguem.

A filosofia depois de Sócrates, na Academia de Platão, no Liceu de Aristóteles, nas universidades medievais, modernas e contemporâneas tornou-se discurso escrito que, na solidão de quem escreve e de quem lê, permite a reflexão elaborada que a fluência do falar não consegue. Mais do que na fala é na escrita que experimentamos a dificuldade em nos exprimirmos com rigor e clareza e nos descobrimos no nosso (não) saber. Quem aprende filosofia tem de passar necessariamente, de uma forma consciente, por essa experiência. Experiência difícil nos tempos que correm pouco propícios à experiência do filosofar, dada a falta de vagar, a procura do espectacular e da distracção incessante, da extensão do fast e do pronto a consumir a todos os domínios da vida, das incontáveis solicitações exteriores, das novidades que de tantas já nenhuma nos provoca admiração. Por outro lado, os vícios adquiridos ao longo dos nove anos de vida escolar criam uma má disposição para a filosofia. Enfim, o mundo em que vivemos é pouco propício à filosofia.

Porém, quando se têm jovens como os que fazem o presente trabalho é possível minimizar e ultrapassar as referidas dificuldades e ensaiar passos na aprendizagem do filosofar. Cada um de acordo com os seus interesses e capacidades, com diferentes graus de envolvimento e desempenho, como é natural. A esperança de um professor de filosofia é a de que todos aprendam a pensar melhor, a pensar diferente, de que encontrem uma estrada, um caminho ou uma simples vereda que os conduza, mais do que ao conhecimento do mundo ou dos outros, à descoberta de si mesmo. Como Platão nos ensinou – e nos continua a ensinar -, não lhes podemos dar olhos mas podemos orientar-lhes o olhar: para ficarem confundidos, primeiro; para verem claro, depois. Talvez que alguns não cheguem a sair das trevas; talvez outros, sentindo-se confusos, prefiram retornar à segurança que a ignorância proporciona; seguramente que alguns descobrirão a luz, a sua luz.

Partimos para este trabalho como uma necessidade de materializar na escrita alguns percursos, algumas ideias. Não é por se ter bem na catequese que se é um  bom cristão; também não se é bom filósofo por se terem prendido todos os conceitos. Por isso lemos para aprender e escrevemos para aprender ainda e sempre na tentativa de nos experienciaros a filosofar.

Cada um saberá em que medida o conseguiu.

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