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Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

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Do Geocentrismo ao Heliocentrismo

Avatar do autor julmar, 24.01.13

Terra, água, ar e fogo foram disputados, nos filósofos gregos, como elementos primordiais de que as coisas eram feitas. Contrapondo à exclusividade de um só elemento Empédocles afirmou a necessidade dos quatro na composição dos corpos e Aristóteles, baseado na teoria dos quatro elementos, teorizou a mais bela e perfeita das cosmologias. Apesar disso, era redondamente falsa. E apesar de falsa era e é extremamente útil. Continuamos a sentir-nos no centro do universo, confortáveis por o sol andar à nossa volta, pela imutabilidade do firmamento, por sabermos que os corpos pesados, como a terra, caem para baixo (tanto mais depressa quanto mais pesados são) e que os mais leves, como o fumo e o fogo sobem. Era um mundo de simpatias em que o semelhante tendia para o semelhante ( similia similibus agregantur), dispondo-se as massas do universo de acordo com o seu peso: terra, água, ar e fogo. Neste mundo tudo está, naturalmente, no lugar que lhe convém. A desordem, o desiquilíbrio, o conflito são desarranjos acidentais e passageiros. Um universo perfeito. Tão perfeito que o cristianismo o aceitou como doutrina religiosa, trocando apenas a impessoalidade do Motor Imóvel do filósofo pagão por Deus Pai, criador do céu e da terra. Não somos naturalmente cristãos, mas somos naturalmente aristotélicos. A física de Aristóteles é perceptível e evidente. Mas falsa. Quando passados 15, 16 séculos de cristianismo com o geocentrismo como doutrina oficial da Igreja não lhe era fácil aceitar o heliocentrismo. Por isso a perseguição e condenação dos que se desviassem da doutrina oficial. Galileu, aos 73 anos, abjurou, talvez não por querer viver mais anos, mas para evitar as torturas e morte na fogueira como aconteceu a Giordano Bruno, entre outros. Noventa anos antes da condenação de Galileu (1633), Copérnico (1473-1543), no leito da morte, publica a obra De Revolucionibus Orbium Coelestium, em que é defendido o heliocentrismo. Porém, a obra estava escrita em latim ( o que significava que apenas os eruditos tinham acesso à sua mensagem), era muito grande, tinha muitos cálculos matemáticos e o monge que a prefaciou, bem ao contrário, do que fica demonstrado no corpo da obra, apresentava o heliocentrismo como uma hipótese. Nesse tempo, reinavam os Filipes de Espanha em Portugal, os judeus já tinham sido expulsos e, em Vilar Maior, o sol indiferente às teorias, levantava-se todas as manhãs, depois do cantar dos galos.