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Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

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Saudades de Vilar Maior no Alto Minho - Dr Manuel Leal Freire

Avatar do autor julmar, 05.09.12

 O primeiro domingo deste ano da graça de dois mil e doze, dia em que, por força duma tradição quase milenar, se celebra, em Vilar Maior, o Divino Senhor dos Aflitos,bem como o tríduo precedente, passei-o eu, por obrigação parental,   peregrinar pela Ribeira  Lima, terras onde a mãe de Portugal, a Rainha Dona Teresa tinha a  sua Vila, a da Ponte  de Lima—diremos nós.

Como para a soberana, para mim há tambem só uma vila,Vilar Maior, que foi sede   meu concelho antes de o Degola-Municípios, Passos  José ou a seu mando qualquer secretário de estado,  o ter extinguido e mandado integrar com  a  Bismula, minha  pátria chica ou santa terrinha, no do Sabugal.

Por isso, e mau grado durante todos aqueles dias me ter passeado pelas amenas veigas do Lima, e  apesar da beleza da paisagem e da monumentalidade  da região  que integra os mais belos solares do Mundo, do que é exemplo a Casa de Bretiandos, de familiares do meu saudoso amigo Conde da Aurora, nunca me saiu da memória a imagem do Castelo de Vilar  Maior

Por todos esses dias as minhas papilas gustativas foram regaladas com o melhor da cozinha minhota… pratos tradicionais da antiguidade portuguesa, enriquecidos com aportes da India e dos Brasis, onde foram vice-reis e capitães-mores os antepassados destes que agora me recebem.

Rojões e sarrabulhos em restaurante famosos dos Arcos, Ponte da Barca ou Ponte de Lima, peixes daqueles  que os fidalgos requisitavam aos pescadores de Viana - os senhores dos Arcos e  Ponte da  Barca dizem aos fidalgos de Ponte de Lima que digam ao povo de Viana  que mande  peixe para cima - confeccionados  à beira-mar  por sábias mãos de nautas  e argonautas,- de tudo me foi dado provar.

Mesmo assim não me saíam  do goto os sabores de Vilar  Maior - os cozinhados da professora  Delfina, os melões do   senhor  Jose Pedro, as sardinhas  da feira dos talentos, do vinho do saudoso Primo Carlos, do  alvarinho do Alvaro Simões, do espumoso  que os irmãos Gatas  costumam abrir em minha  honra.

É que não há nada como a saudade para  emoldurar e dourar.