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Badameco

Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

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Anotações, observações, reflexões sobre quase tudo o que me (co)move

Nuno Crato - Mais do mesmo - Afonso Leonardo

Avatar do autor julmar, 21.07.11

Não creio que Nuno Crato seja um marxista (espécie em acelerada extinção a partir da Queda do Muro de Berlim). Perante os fracos resultados dos alunos na disciplina de Português e Matemática achou que o remédio estava em aumentar o tempo lectivo nas referidas disciplinas adoptando a segunda lei do materialismo dialéctico que afirma que o aumento da quantidade acabará em transformaçãoqualitativa da realidade. Todos sabemos que o tempo é uma das variáveis da aprendizagem e, no caso, a mais fácil de manipular. Em vez de dosi blocoa aumente-se para dois blocos e meio. Temos que esclarecer que o bloco é uma unidade de tempo escolar equivalente a noventa minutos, pelo que o tempo proposto é de três horas e quarenta e cinco minutos semanais. Ora o importante não é a duração mas a qualidade da mesma. O importante é o que se faz durante esse tempo. Ora, para os alunos que têm dificuldades em matemática o problema não é terem tempo a menos. Aliás, para eles o tempo, quase sempre tem o sabor a eternidade, a menos que encontrem estratégias de o consumirem em tudo o que não tenha a ver com o essencial da aula. Será que ninguém pensou ainda no suplício que constitui para um aluno que nada entende do que o professor diz, passar ali noventa minutos (os tais blocos)? Os alunos faltam ao respeito ao professor? O professor não tem autoridade?  E então esperavam o quê?

Já pensaram que pode haver alunos que tiveram um 1º ciclo com um professor que não gosta, nunca gostou de matemática? Que no seu currículo de estudante se pode ter dado o caso de nunca ter tido uma positiva a matemática?

A proprosta de Nuno Crato não podia ter sido pior porque é a mais cara (o custo hora/professor não é assim tão baixo) e é a mais contraproducente. A diminuição da  respectiva carga lectiva seria mais vantajosa em termos financeiros e pedagógicos. Depois os ditos blocos são gerais crendo que um aluno de 11 anos tem a mesma capacidade para aprender (sentado) durante noventa minutos que tem um aluno de 17 anos, um aluno com alto rendimento ou um aluno de baixo rendimento. De qualquer modo, à boa maneira lusitana, aplica-se a lei da rasoira: para todos a mesma coisa independentemente do sujeito e das circunstâncias.

Se os resultados eram maus, haverão de ser piores. E gastando mais.

Como não há mal que não traga bem, no caso o bem será a mior empregabilidade dos professores de matemática. A Sociedade Portuiguesa de Matemática já aplaudiu.

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