A República em Vilar Maior - Parte III
julmar, 12.10.10
Indo-lhes na pista
É o título do desmentido que o padre Matias faz do citado artigo onde lhe são feitas acusações algumas já atrás expendidas outras novas como a de Que fizera um casamento à maõ esquerda, dizendo aos noivos que fazia assim porque depois que entrou a republica tudo se faz às avessas!(...) Que fui de hábitos talares e relicário ao pescoço de Villar Maior à quinta do Carvalhal a dar o Senhor a um enfermo.(...) Que fiz uma procissão depois do sol posto. (...) Que eu devo saber as causas da minha expulsão.
Sei e muito bem. A minha expulsão é uma sequência da borracheira que o snr X fez apanhar na sua taberna a meia dúzia de rapazes para correrem com o snr padre Fonseca que antes de mim ia substituir o snr padre Oliveira, como para mim próprio se gabou...
Belmonte 10 - 4 - 913. Padre Júlio Mathias
O padre Júlio Matias não refere que tal artigo no “Combate” era uma resposta a um artigo “Mais uma violência Despótica” publicada no jornal “A Guarda”, no dia 16/03/1913, no nº 387. Aí se dá conta da expulsão do padre Júlio Matias atribuindo-a às raivas da demagogia triunfante e aí são citados os nomes dos seus autores, um deles professor de Badamalos. Estranha-se, ainda no artigo, o facto de nenhum administrador anterior ao padre David ter conseguido a expulsão.
No distrito da Guarda a luta ideológica passava pelos dois jornais semanários da cidade : “O Combate”, defensor do regime republicano e dirigido por José Augusto Castro e a “Guarda” opositor das ideias republicanas , defensor do catolicismo. Atacam-se mutuamente e o caso de V. Maior deve ter sido uma das gotas de água que levou a que este seminário tenha sido suspenso. Em 23 de Março aparece o jornal “A Velha Guarda” (nitidamente a substituir o anterior) e em 11 de Abril aparece a “Guarda Avançada”, em 30 de Agosto o “Jornal a Guarda”, até que em 23 de Fevereiro de 1914 surge de novo “A Guarda, após julgamento e absolvição do semanário.
O padre Júlio Matias regressou novamente a pároco de Vilar Maior e era muito querido pelos seus fregueses. Em 1924 ainda aí era pároco. Os seus méritos foram reconhecidos pois, mais tarde, tornou-se cónego do cabido da Sé da Guarda.
In, Memórias de Vilar maior, minha terra minha gente